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Espaços literários e territórios críticos

Espaces littéraires et territoires critiques

Literary spaces and critical territories

Para uma abordagem do espaço literário: geopoética e geocrítica na transposição das fronteiras do conhecimento

Pour une approche de l’espace littéraire : géopoétique et géocritique dans le franchissement des frontières de la connaissance

Towards an Approach to Literary Space: Geopoetics and Geocriticism Crossing the Frontiers of Knowledge

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Veröffentlicht am Mittwoch, 18. Januar 2017

Zusammenfassung

A reorientação teórica dos estudos literários no sentido da sua renovada aproximação ao “real”, identificada mais tarde por alguns como o “spatial turn” (Soja, 1989) começa a desenhar-se no panorama teórico-literário a partir de meados do século XX, no momento em que teóricos de referência no campo estruturalista concedem largo espaço da sua reflexão ao relacionamento entre “a literatura e a realidade”, com o objetivo de denunciar, insistentemente, qualquer “ilusão referencial” (Barthes et al., 1982) e de remeter o espaço literário à sua especularidade intratextual (Dällenbach, 1977).

Inserat

Apresentação

A reorientação teórica dos estudos literários no sentido da sua renovada aproximação ao “real”, identificada mais tarde por alguns como o “spatial turn” (Soja, 1989) começa a desenhar-se no panorama teórico-literário a partir de meados do século XX, no momento em que teóricos de referência no campo estruturalista concedem largo espaço da sua reflexão ao relacionamento entre “a literatura e a realidade”, com o objetivo de denunciar, insistentemente, qualquer “ilusão referencial” (Barthes et al., 1982) e de remeter o espaço literário à sua especularidade intratextual (Dällenbach, 1977). É incontestável porém que a relação do homem com o mundo constituiu, desde sempre, uma das temáticas preponderantes da história da literatura, estimulada, a partir dos séculos XIV e XV, pelas viagens que marcam a viragem da modernidade (Westphal, 2011), pela própria prática e escrita de escritores “viajantes” ao longo dos séculos XVIII e XIX, e consequente ascensão da “literatura de viagens” à categoria de género literário.

Assistimos hoje a mudanças de paradigma, em que se desenham novas territorialidades literárias, em que se interrogam as fronteiras entre o real e a ficção (Lavocat, 2016) e se erguem novas formas de abordagem do espaço literário. Mudanças de paradigma que decorrem desde logo da prática da viagem, cujas motivações antropológicas se alteraram profundamente (Debaene, 2010), com particular incidência no campo literário, em que “mundos” e “textos” possíveis (Lavocat, 2010; Escola (éd.) 2012) conjeturam novos territórios a explorar para além da “letra” do texto, em que um “mundo plausível” pode ser desenhado para além da visão cartográfica eurocêntrica do mundo (Westphal, 2011), em que novas práticas de mobilidade suscitam novas formas de escrita e outros suportes de expressão, bem como novas formas de ler, ancoradas numa geografia física mas também humana (Bouvet, 2015). Perspetivamos hoje a produção literária em contextos e abordagens mundiais, indelimitáveis, marcados pelo triunfo da tradução (Damrosch, 2003). Ora mais centrado sobre o observador, determinando uma perceção do mundo egocentrada, ora valorizando o espaço representado através de abordagens multifocalizadas e geocentradas, o estudo da literatura demanda, presentemente, outros instrumentos operatórios para a compreensão da sua relação com o real. Abre-se assim vasto campo às indagações de uma Geopoética que se torna necessário interrogar, no sentido de nela se destacarem as suas principais orientações teóricas e propostas metodológicas na atualidade. Quer no sentido restrito do termo, divulgado por Kenneth White a partir de finais da década de 1970 para exprimir a consciência do mundo subjacente à criação poética, quer no seu sentido mais lato, englobando a reflexão teórica suscitada pela atenção que a literatura concede ao relacionamento entre o homem e o espaço, a Geopoética anuncia-se como um campo de investigação que volta a questionar os pressupostos teóricos da referencialidade espacial e da criação literária no quadro da pós-modernidade, no qual os espaços de fronteira, de passagem, ou as configurações territoriais que novos mapeamentos dos espaços humanos proporcionam, em função de novas mobilidades, se constituem como valores fundamentais.

Face à diversidade e complexidade de questões que o texto literário convoca, os contributos oferecidos pela Geopoética ganham com o diálogo com outras reflexões e instrumentos conceptuais avançados, por exemplo, por Yi-Fu Tuan ou por Wolfgang Welsch. Na verdade, usados já por Bachelard ou Yi-Fu Tuan, os conceitos de "Topofilia" e "Topofobia" evidenciam hoje, num contexto transdisciplinar, os laços afetivos entre o homem e o espaço. O espaço é delimitado pelo indivíduo que o observa, por uma visão aberta ou fechada da identidade cultural, e justifica as políticas de inclusão ou exclusão do outro. Percecionar um espaço condiciona as atitudes, os valores e a linguagem dos homens que o habitam, percorrem ou imaginam. Perceber um espaço obriga pois, desde logo, ao diálogo entre a poética, a retórica, a ética e a geografia. Também o conceito de “transculturalidade”, baseado no postulado eufórico da mobilidade e da porosidade entre fronteiras, fundado numa reorganização democrática das assimetrias de poder, convida a um novo olhar sobre o espaço, que se compreende dinâmico, tanto nas suas componentes político-sociais como nas dimensões culturais e literárias.

Assim, dentro dos paradigmas teóricos acima enunciados, convidam-se todos os interessados que estas questões interpelam a proporem intervenções, em torno dos seguintes eixos temáticos:

  • Geopoética e geocrítica: questões de transdisciplinaridade
  • Spatial turn e novas territorialidades literárias
  • Liminaridades e transfronteiras
  • Geopoética e perceção do espaço pela literatura
  • Geopoética: ficção e referencialidade
  • Geopoética: topofilia e topofobia
  • Geopoética: espaço e transculturalidades

Bibliografia citada

Barthes, R. et al., Littérature et réalité, Paris, Seuil, 1982.

Bouvet, R.,  Vers une approche géopoétique : Lectures de Kenneth White, Victor Segalen, J.-M. G. Le Clézio, Presses Universitaires  du Québec, 2015.

Dällenbach, L., Le récit spéculaire : essai sur la mise en abîme, Paris, Seuil, 1977.

Damrosch, D., What is World Literature?, Princeton University Press, 2003.

Debaene, V., L’adieu au voyage: l’ethnologie française entre science et littérature, Paris, Gallimard, 2010.

Escola, M. (éd.), Théorie des textes possibles, Rodopi, coll. C.R.I.N., 2012.

Lavocat, F., La théorie littéraire des mondes possibles, Éditions du CNRS, 2010.

Lavocat, F., Fait et fiction : pour une frontière, Paris, Seuil, 2016.

Soja, E., Postmodern Geographies: The Reassertion of Space in Critical Social Theory, London, Verso, 1989.

Tuan, Yi-Fu, Space and Place. The Perspective of Experience [1977], Minneapolis, London, University of Minnesota Press, 2002.

Welsch, Wolfgang “Transculturality - the Puzzling Form of Cultures Today”, in Mike Featherstone / Scott Lash (ed.), Spaces of Culture: City, Nation, World, ed. by, London, Sage 1999, 194-213

 http://www2.uni-jena.de/welsch/papers/W_Wlelsch_Transculturality.html).

Westphal, B., Le monde plausible : espace, lieu, carte, Paris, Les Éditions de Minuit, 2011.

Línguas de Comunicação

As línguas de apresentação das comunicações serão : o português, o espanhol, o francês e o inglês.

Envio das propostas de comunicação

Todas as propostas de comunicação serão submetidas a avaliação pela Comissão Científica do colóquio. Pede-se o favor de indicarem o eixo de trabalho escolhido. As comunicações admitidas não deverão ultrapassar os 20 minutos.

A submissão de propostas (resumo entre 250 a 300 palavras), acompanhada de um breve CV, deverá ser feita no seguinte endereço: geopoeticas2017@gmail.com

Nota bene : os textos das comunicações serão objeto de publicação, após parecer de uma comissão científica de leitura e sob o compromisso de envio do texto de acordo com as normas de publicação, a indicar.   

Calendário

  • 31 janeiro 2017 :data limite para envio de propostas de comunicação  

  • 28 fevereiro 2017: data limite para envio da resposta da comissão científica
  • 8 a 15 maio 2017 : inscrição no colóquio
  • 1 junho 2017 : publicação do programa do colóquio
  • 29, 30 de junho e 1 de julho de 2017 :  colóquio Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Conselho científico

  • Alain Montandon
  • Claude Reichler
  • Helena Buescu
  • Jean-Yves Puyo
  • Lionel Dupuy
  • Nathalie Roelens

Organização 

  • Ana Paula Coutinho
  • Gonçalo Vilas Boas
  • Jorge Bastos da Silva
  • José Domingues de Almeida
  • Maria de Fátima Outeirinho
  • Maria Hermínia Amado Laurel
  • Maria Luísa Malato
  • Maria Teresa Oliveira

Organismo Responsável : ILC Margarida Losa

Inscrição

  • 100,00€ (montante relativo à inscrição, dossier, certificado, coffee-break e almoços do colóquio).
  • 120,00€ (de 16 de maio a 31 maio 2017)

Está previsto um jantar do colóquio sob inscrição.

Forma de pagamento : 

Por favor, entrar em: https://www.letras.up.pt/gi/por/eventos.asp     

Orte

  • Faculdade de Letras da Universidade do Porto - Via Panorâmica, s/n
    Porto, Portugal (4150-564)

Daten

  • Dienstag, 31. Januar 2017

Schlüsselwörter

  • geopoétique

Kontakt

  • Instituto de Literatura Comparada
    courriel : ilc [at] letras [dot] up [dot] pt

Informationsquelle

  • Instituto Literatura comparada
    courriel : ilc [at] letras [dot] up [dot] pt

Lizenz

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Zitierhinweise

« Espaces littéraires et territoires critiques », Beitragsaufruf, Calenda, Veröffentlicht am Mittwoch, 18. Januar 2017, https://doi.org/10.58079/voq

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