Página inicialEstatutos, usos e apropriações da memória: reflexões a partir de diferentes olhares disciplinares

Página inicialEstatutos, usos e apropriações da memória: reflexões a partir de diferentes olhares disciplinares

*  *  *

Publicado quinta, 01 de agosto de 2019

Resumo

A memória nas ciências humanas é, certo, intrinsecamente contígua à pesquisa histórica. Portanto, ela abarca as disciplinas nelas inscritas por meio de diferentes “métodos” e recursos que evoluíram no decorrer dos séculos segundo a relação que se manteve com os diversos suportes materiais e imateriais dessa fonte incomensurável que é a memória. De Sócrates/Platão (maiêutica - questionamentos e memória) e Epicuro (prolepse - repetições e memória) à Freud, Halbwachs, Marc Ferro e Paul Ricœur, entre tantos outros (cf. bibliografia indicativa), a memória é pensada como sendo perceptível dentro de um eixo flexível muitas vezes à beira do esquecimento a despeito de todo rigor acadêmico requerido e da tentativa de apreender esse sistema complexo.

Anúncio

Apresentação

A APEB-FR tem o prazer de convidar pesquisadoras e pesquisadores a enviar propostas para seu próximo colóquio temático Estatutos, usos e apropriações da memória : reflexões a partir de diferentes olhares disciplinares, que se realizará nos dias 10 e 11 de outubro de 2019 em Paris (local a confirmar). 

A memória nas ciências humanas é, certo, intrinsecamente contígua à pesquisa histórica. Portanto, ela abarca as disciplinas nelas inscritas por meio de diferentes “métodos” e recursos que evoluíram no decorrer dos séculos segundo a relação que se manteve com os diversos suportes materiais e imateriais dessa fonte incomensurável que é a memória. De Sócrates/Platão (maiêutica - questionamentos e memória) e Epicuro (prolepse - repetições e memória) à Freud, Halbwachs, Marc Ferro e Paul Ricœur, entre tantos outros (cf. bibliografia indicativa), a memória é pensada como sendo perceptível dentro de um eixo flexível muitas vezes à beira do esquecimento a despeito de todo rigor acadêmico requerido e da tentativa de apreender esse sistema complexo. 

O próprio Paul Ricœur (2000) ressalta justamente que a representação do passado é fundamentalmente problemática, pois ela se estrutura nas interconexões de uma memória sensível e espontânea (associada à noção de mnémé) e de uma memória voluntária, ativa, que luta contra o esquecimento (associada à noção de anamnésis), da qual o testemunho é uma das práticas mais expressivas. A memória se constrói assim em processos narrativos que se situam a posteriori da referência (experiência, fato, sensação...) que ela tenta trazer ao presente, fazendo com que sua fiabilidade seja questionada, ao mesmo tempo em que ela exige uma apreensão do agora e alimenta por vezes expectativas futuras. 

A memória - reminiscente para Platão que defende que o pensamento ex nihilo é impossível e que conhecer é rememorar - pode ser silenciada (quando há, por exemplo, dificuldade em se lembrar de um traumatismo segundo Freud), usada como um instrumento ideológico (em casos de propaganda ou manipulação, como expõe Marc Ferro) ou vista como um dever quando se trata de “fazer justiça” a vítimas de um acontecimento passado. Ela participa a dispositivos afetivos, sociais e políticos. Não é fortuitamente que disciplinas como a história, o teatro, a sociologia, a psicologia, a filosofia e o cinema (para citar apenas alguns exemplos no âmbito das ciências humanas e sociais) se esforçam para entender práticas, apropriações e efeitos associados à questão mnemônica em suas dimensões individual e coletiva (Halbwachs), ocasionando, irremediavelmente, desarranjos epistemológicos fortemente tangíveis à medida que se transita de disciplina à disciplina mas igualmente no seio da mesma. 

Deste modo, o colóquio interdisciplinar Estatutos, usos e apropriações da memória : reflexões a partir de diferentes olhares disciplinares tem como objetivo abranger as diversas ramificações engendradas pelos objetos de estudos e estatutos da própria noção de memória por meio de articulações que também a colocam em situação de xeque.

Sugerimos assim alguns eixos não exaustivos a serem abordados e dentro dos quais poderão se inserir as propostas de trabalho a serem submetidas:

  • A memória enquanto fonte e objeto de pesquisa (história, teorias, usos, estatutos, apropriações);
  • Cronologias e eclipses mnemônicas;
  • Identidade e práticas culturais;
  • Práticas artísticas e estéticas no uso da memória (teatro, dança, cinema, artes plásticas, visuais...);
  • O aporte da tecnologia enquanto suporte mnemônico na pesquisa acadêmica;
  • O reemprego das imagens;
  • Documentário, representação e revelação da “realidade”;

Regras para o envio de resumos

As línguas oficiais do evento (resumos e comunicações) são o português e o francês.

Os resumos referentes às propostas deverão conter no máximo 500 caracteres (sem espaço) ou 100 palavras; 3 palavras-chave separadas por pontos.

Os resumos devem ser enviados para o e-mail colloque@apebfr.org impreterivelmente até dia 17 de agosto de 2019.

Línguas oficiais do evento (resumos e comunicações): português e francês.

Critérios de seleção

  1. Clareza da proposta, que deve ser apresentada de modo a incluir de forma breve temática,metodologia e principais questões ou resultados da pesquisa.
  2. Pertinência do trabalho submetido, levando em conta o tema e a proposta do colóquio.

Os pesquisadores que tiverem seus trabalhos aceitos devem se associar à APEB-Fr para validar a inscrição ao colóquio. (Para associar-se, ver informações aqui).

Calendário

  • Data limite para o recebimento das propostas: 17/08/2019 

  • Divulgação das propostas aceitas: até 09/09/2019
  • Data final para inscrição: 20/09/2019

Comitê científico

  • Antonio Gasparetto Júnior (UFJF)
  • Camila Moreira Cesar (Irmeccen-Paris 3/Crem-Université de Lorraine/Nucop-UFRGS)
  • Caroline Silveira Bauer (UFRGS/Universitat de Barcelona)
  • Cecilia Pires (CRAL - EHESS) 
  • Helder Remigio de Amorim (PPGH-UNICAP)
  • Katherine Nakad Chuffi (IRCAV - Sorbonne Paris Cité / Sorbonne Nouvelle - Paris 3)
  • Lorreine Beatrice Petters (CIM-Sorbonne Nouvelle - Paris 3 / Nimec-Université de Rouen)
  • Tiago da Silva Cesar (PPGH-UNICAP)

Comitê de organização 

  • Antonio Gasparetto Júnior (UFJF)
  • Camila Moreira Cesar (Irmeccen-Paris 3/Crem-Université de Lorraine/Nucop-UFRGS)
  • Cecilia Pires (CRAL - EHESS) 
  • Katherine Nakad Chuffi (IRCAV - Sorbonne Paris Cité / Sorbonne Nouvelle - Paris 3)
  • Letícia Seixas (THIM-Paris 8)
  • Lorreine Beatrice Petters (CIM-Sorbonne Nouvelle - Paris 3 / Nimec-Université de Rouen)

Bibliografia indicativa

  • Maurice Halbswachs, Les Cadres sociaux de la mémoire, Paris, F. Alcan, 1935; 
  • Ibid, La Mémoire collective, Paris, PUF, 1950.
  • Marc Ferro, Cinéma et Histoire, Paris, Gallimard, 1993.
  • Paul Ricœur, La mémoire, l’histoire, l’oubli, Paris, Éditions du Seuil, 2003.
  • Michèle Lagny, De l’histoire du cinéma, méthode historique et histoire du cinéma, Paris, A. Colin, 1997.
  • Antonin Artaud, Le théâtre et son double, Paris, Gallimard, 1944.
  • Jacques Le Goff, Histoire et mémoire, Paris, Gallimard, 1988.
  • Pascal Ory, L’histoire culturelle, Paris, PUF, 2004. 

Colóquio organizado pela APEB-FR (Associação dos Pesquisadores e Estudantes Brasileiros na França)

Locais

  • Paris, França (75)

Datas

  • sábado, 17 de agosto de 2019

Palavras-chave

  • memória, história, artes, imagem, epistemologia, métodos

Contactos

  • katherine nakad chuffi
    courriel : katnakad [at] gmail [dot] com

Urls de referência

Fonte da informação

  • katherine nakad chuffi
    courriel : katnakad [at] gmail [dot] com

Licença

CC0-1.0 Este anúncio é licenciado sob os termos Creative Commons CC0 1.0 Universal.

Para citar este anúncio

« Estatutos, usos e apropriações da memória: reflexões a partir de diferentes olhares disciplinares », Chamada de trabalhos, Calenda, Publicado quinta, 01 de agosto de 2019, https://doi.org/10.58079/1395

Arquivar este anúncio

  • Google Agenda
  • iCal
Pesquisar OpenEdition Search

Você sera redirecionado para OpenEdition Search