Announcement
Apresentação
Uma viragem decisiva na história da organização do trabalho industrial operou-se no decorrer dos anos 80 do século passado: a produção em grande escala foi progressivamente suplantada pelo fabrico de pequenas séries de produtos mais adequados à procura de uma clientela que, numa conjuntura de concorrência que lhe era favorável, exigia outras especificidades e uma qualidade renovada nas suas encomendas. Importantes modificações da estrutura do processo de produção foram implementadas a fim de se adequarem aos novos imperativos. Na gestão dos recursos humanos reuniram-se condições propícias para novos cenários de reconversão e de contratação. Impôs-se, assim a era do ‘just in time’, associada à procura da ‘qualidade total’ numa economia mundial que se transformou profundamente, alastrando-se às atividades económicas da prestação de serviços.
O modelo de intervenção dito dos ‘círculos de qualidade’ encontrou na altura um franco sucesso nas empresas: apostando na virtualidade do pequeno grupo, reunia coletivos de trabalhadores encarregados de propor medidas de melhoria das condições inerentes ao trabalho de produção, com a dupla preocupação, da qualidade dos produtos e da produtividade da empresa.
Contudo, a procura de qualidade nem sempre caracterizou a evolução das condições de trabalho, que foram afetadas pela intensificação progressiva de atividades que exigem atenção e empenho constantes, em horários que fragilizam o estado de saúde. Isso frequentemente é acompanhado por falta de reconhecimento e por métodos de avaliação pouco sensíveis à complexidade do trabalho real, precariedade crescente dos contratos de trabalho e dinâmicas organizacionais pouco abertas a controvérsias, evidenciando o reverso da medalha de um desenvolvimento económico assente em lacunas graves no plano da qualidade da vida no trabalho.
Assim, nos últimos vinte anos, assistiu-se a uma multiplicação de pesquisas e intervenções cuja finalidade, distinguindo-se do objetivo de rentabilidade estrita dos círculos de qualidade, privilegia o plano da qualidade de vida no trabalho. Foram muitas vezes designadas pela sigla QVT.
A designação autoriza um largo elenco de metodologias e ações, como aquelas que Ferreira (2015) definiu de ‘restauração corpo-mente’, já que pretendem, com atividades essencialmente centradas no equilíbrio físico e mental dos trabalhadores, ajudá-los a lidar melhor com situações de trabalho que, no entanto, são mantidas inalteradas. Por outro lado, também se estruturaram propostas abertamente orientadas para a conceção de condições de trabalho dignas - ou seja, considerando diagnósticos e intervenções que tiveram como premissas o ponto de vista dos trabalhadores e o que efetivamente se passa nas situações de trabalho. Nessas abordagens, a tradição da ergonomia da atividade e da psicologia do trabalho voltaram a demonstrar a riqueza das ferramentas metodológicas e dos modelos de intervenção cujos fundamentos antecedem historicamente as preocupações com a QVT.
A revista Laboreal convida as/os atores e pesquisadores a apresentar estudos que se situem nesta problemática, privilegiando-se os que detalhem experiências de campo.
Os artigos serão publicados numa das duas línguas da revista (espanhol ou português). Contudo, as propostas, bem como os textos apresentados para avaliação, poderão ser redigidos em francês ou em inglês. Os autores serão responsáveis pela tradução para o espanhol ou português, tendo em conta os resultados das avaliações.
Responsáveis pelo dossier
Lúcia Simões e Marianne Lacomblez
Calendário
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14 de outubro 2024: Apresentação de propostas com o seguinte conteúdo:
título do artigo; resumo de 500 palavras com uma projeção das intenções dos autores para o artigo; e 5 referências, incluindo referências às publicações dos autores. As propostas devem ser enviadas para o seguinte endereço eletrónico: laboreal@fpce.up.pt
- 31 de outubro 2024: Prazo para informar os autores dos resultados da avaliação das propostas.
- 15 de dezembro 2024: Data-limite de receção dos trabalhos completos.
- 15 de fevereiro 2025: Data-limite para informar os autores dos resultados da avaliação dos artigos.
- 31 de março de 2025: Prazo para receber a versão revista dos artigos.
- 31 de maio de 2025: Data-limite para receber a versão final dos trabalhos, em espanhol ou em português.
Comissão Científica
- Lúcia Simões Costa ESTESC-Coimbra Health School, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal
- Marianne Lacomblez Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal
- Daniel Silva Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal
Note
Ferreira, M. C. (2015). Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): do assistencialismo à promoção efetiva. Laboreal, 11(2), 1-11. https://doi.org/10.4000/laboreal.3552
Argumentos
En los años 80, se produjo un cambio decisivo en la historia de la organización del trabajo industrial: la producción a gran escala fue sustituida progresivamente por la fabricación de pequeñas series de productos más adaptados a las exigencias de una clientela que, en un entorno competitivo que le era favorable, exigía otras especificidades y una calidad renovada en sus pedidos. Las estructuras del proceso de producción se modificaron considerablemente para adaptarse a las nuevas exigencias. En la gestión de los recursos humanos, se crearon condiciones favorables para nuevos escenarios de reconversión y contratación. Se impuso así la era del ''just in time'', junto con la búsqueda de la ''calidad total'' en una economía mundial profundamente transformada, difundiéndose a las actividades económicas de prestación de servicios.
En aquella época, el modelo de intervención de los «círculos de calidad» tuvo un gran éxito en las empresas: basándose en la virtualidad del pequeño grupo, reunía a grupos de trabajadores con la misión de proponer medidas para mejorar las condiciones inherentes al trabajo de producción, con la doble preocupación de la calidad de los productos y la productividad de la empresa.
Sin embargo, la búsqueda de la calidad no siempre ha caracterizado la evolución de las condiciones de trabajo. Progresivamente, la intensificación de actividades que exigen una atención y un compromiso constantes, en horarios que deterioran el estado de salud, a menudo con falta de reconocimiento y métodos de evaluación poco sensibles a la complejidad del trabajo real, la creciente precariedad de los contratos de trabajo y dinámicas organizativas poco abiertas a la controversia, han mostrado la otra cara de la moneda de un desarrollo económico basado en graves deficiencias en materia de calidad de vida en el trabajo.
Por consiguiente, en los últimos veinte años han proliferado las investigaciones e intervenciones cuya finalidad, a diferencia del objetivo de rentabilidad estricta de los círculos de calidad, favorecen la calidad de vida en el trabajo. A menudo se han denominado con el acrónimo CVT.
La denominación autoriza un amplio espectro de metodologías y acciones: las que Ferreira (2015) ha definido como 'restauración cuerpo-mente', ya que pretenden, con actividades esencialmente centradas en el equilibrio físico y mental de los trabajadores, ayudarles a afrontar mejor situaciones de trabajo que, sin embargo, no cambian; pero también ha habido propuestas abiertamente orientadas al diseño de condiciones de trabajo dignas - esto es, considerando diagnósticos e intervenciones que tienen como premisas el punto de vista de los trabajadores y lo que realmente ocurre en las situaciones de trabajo.
En estas perspectivas, la tradición de la ergonomía de la actividad y de la psicología del trabajo ha demostrado una vez más la riqueza de las herramientas metodológicas y de los modelos de intervención cuyos fundamentos son históricamente anteriores a la preocupación por la CVT.
Laboreal invita a investigadores/as a presentar estudios sobre esta problemática, privilegiando aquellos que describan experiencias de terreno.
Los artículos se publicarán en uno de los dos idiomas de la revista (español o portugués). Sin embargo, las propuestas, así como los textos presentados para evaluación, podrán estar redactados en francés o en inglés. Los autores serán responsables de la traducción al español o portugués, teniendo en cuenta los resultados de las evaluaciones.
Responsables del dossier
Lúcia Simões y Marianne Lacomblez
Calendario
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14 de octubre de 2024 : Fecha límite para la presentación de propuestas con el siguiente contenido:
título del artículo; Resumen de 500 palabras con proyección de las intenciones de los autores para el artículo; y 5 referencias, incluidas referencias a las publicaciones de los autores. Las propuestas deberán enviarse a la secretaría de la revista a través de la siguiente dirección de correo electrónico: laboreal@fpce.up.pt
- 31 de octubre de 2024: Fecha límite para informar a los autores de los resultados de la evaluación de propuestas.
- 15 de diciembre de 2024: Plazo de recepción de obras completas.
- 15 de febrero de 2025: Fecha límite para informar a los autores de los resultados de la evaluación del artículo.
- 31 de marzo de 2025: Fecha límite para recibir la versión revisada de los artículos.
- 31 de mayo de 2025 : Fecha límite para recibir la versión final del trabajo, en español o portugués.
Comité científico
- Lúcia Simões Costa ESTESC-Coimbra Health School, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal
- Marianne Lacomblez Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal
- Daniel Silva Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal
Ferreira, M. C. (2015). Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): do assistencialismo à promoção efetiva. Laboreal, 11(2), 1-11. https://doi.org/10.4000/laboreal.3552
Argumentaire
Un tournant décisif dans l'histoire de l'organisation du travail industriel a eu lieu dans les années 1980 : la production à grande échelle a été progressivement supplantée par la fabrication de petites séries de produits plus adaptés aux demandes d'une clientèle qui, dans un environnement concurrentiel qui lui était favorable, exigeait d'autres spécificités et une qualité renouvelée dans ses commandes. Des changements importants ont été apportés à la structure du processus de production afin de s'adapter aux nouvelles exigences. En matière de gestion des ressources humaines, des conditions favorables ont été créées pour de nouveaux scénarios de reconversion et d'embauche. L'ère du « juste à temps » s'est ainsi imposée, associée à la recherche de la « qualité totale », dans une économie mondiale profondément transformée, s'étendant aux activités économiques de prestation de services.
À l'époque, le modèle d'intervention des « cercles de qualité » a connu un grand succès dans les entreprises : s'appuyant sur les virtualités du petit groupe, il réunissait des groupes de travailleurs chargés de proposer des mesures pour améliorer les conditions inhérentes au travail de production, avec le double souci de la qualité des produits et de la productivité de l'entreprise.
Cependant, la recherche de la qualité n'a pas toujours caractérisé l'évolution des conditions de travail. Progressivement, l'intensification d'activités exigeant une attention et un engagement constants, dans le cadre d’horaires fragilisants davantage encore l'état de santé, assortis souvent d’un manque de reconnaissance et de méthodes d'évaluation peu sensibles à la complexité du travail réel ainsi que d’une précarité croissante des contrats de travail, ont montré, dans le contexte de dynamiques organisationnelles peu ouvertes à la controverse, le revers de la médaille d'un développement économique fondé sur de graves carences en matière de qualité de vie au travail.
Aussi, au cours des vingt dernières années, se sont multipliées les recherches et les interventions dont la finalité, distincte du strict objectif de rentabilité des cercles de qualité, privilégie la qualité de la vie au travail. Elles sont souvent désignées par l'acronyme QVT.
Cette appellation autorise un large éventail de méthodologies et d'actions : celles que Ferreira (2015) a définies comme tenant de la « récupération du corps et de l'esprit », car elles visent, par des activités essentiellement centrées sur l'équilibre physique et mental des travailleurs, à les aider à mieux faire face à des situations de travail pourtant inchangées ; mais des propositions ont également été bâties en étant ouvertement orientées vers la conception de conditions de travail décentes - c'est-à-dire envisageant des diagnostics et des interventions fondés sur le point de vue des travailleurs et sur ce qui se passe réellement dans les situations de travail. Dans ces approches, la tradition de l'ergonomie de l'activité et de la psychologie du travail a une fois de plus démontré la richesse des outils méthodologiques et des modèles d'intervention dont les fondements sont historiquement antérieurs aux préoccupations en matière de QVT.
La revue Laboreal invite les chercheurs/ses à présenter des études portant sur cette problématique, en privilégiant celles qui font état d'expériences de terrain.
Modalités de soumission
Les articles seront publiés dans l'une des deux langues de la revue (espagnol ou portugais). Toutefois, les propositions et les textes soumis à l'évaluation peuvent être rédigés en français ou en anglais. Les auteurs seront responsables de la traduction en espagnol ou en portugais, en tenant compte des résultats des évaluations.
Les propositions devront être envoyées au secrétariat de la revue via l'adresse électronique suivante : laboreal@fpce.up.pt.
avant le 14 octobre 2024
Les propositions devront comprendre les éléments suivants : titre de l'article ; résumé de 500 mots exposant les intentions des auteurs pour l'article ; et 5 références, y compris des références aux publications des auteurs.
- 31 octobre 2024: Date limite pour informer les auteurs des résultats de l'évaluation des propositions.
- 15 décembre 2024 : Date de réception des articles.
- 15 février 2025 : Date limite pour informer les auteurs des résultats de l'évaluation de l'article.
- 31 mars 2025 : Date limite pour recevoir la version révisée des articles.
- 31 mai 2025 : Date limite pour recevoir la version finale du travail, en espagnol ou en portugais.
Responsables du dossier
Lúcia Simões et Marianne Lacomblez
Comité scientifique
- Lúcia Simões Costa ESTESC-Coimbra Health School, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal
- Marianne Lacomblez Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal
- Daniel Silva Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal
Ferreira, M. C. (2015). Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): do assistencialismo à promoção efetiva. Laboreal, 11(2), 1-11. https://doi.org/10.4000/laboreal.3552
Argument
A decisive turning point in the history of the organization of industrial work occurred during the 1980s: large-scale production was gradually replaced by the manufacturing of small series of products better suited to the needs of customers who, in a competitive environment that was favorable to them, demanded other specificities and renewed quality in their orders. Important changes to the production process’s structure were implemented to adapt to the new requirements. In human resources management, conditions were created that were conducive to new scenarios of retraining and recruitment. Thus, the era of ‘just in time’ was imposed, associated with the search for ‘total quality’ in a global economy undergoing a profound transformation, that quickly spread to economic activities involving the provision of services.
The intervention model known as ‘quality circles’ was very successful in companies at the time: relying on the virtuality of small groups, it brought together groups of workers responsible for proposing measures to improve the conditions inherent to production work, with the dual concern of product quality and company productivity.
However, the quality search was not always associated with the evolution of working conditions, which were affected by the progressive intensification of activities that require constant attention and commitment, in working hours that put health at risk. This is often accompanied by lack of recognition and the use of assessment methods that are not sensitive to the complexity of real work, an increasing precariousness of employment contracts, and organizational dynamics that are not very open to controversy, highlighting the downside of economic development based on serious shortcomings in the quality of working life.
Thus, over the last twenty years, there has been a proliferation of research and interventions whose purpose, in contrast to the strict profitability objective of quality circles, focuses on the quality of working life. They have often been designated by the acronym QWL.
This designation authorizes a wide range of methodologies and actions, such as those that Ferreira (2015) defined as ‘body-mind restoration’, which aim, using activities focused on a balance of physical and mental well-being of workers, to help them better deal with work situations that are maintained unchanged. On the other hand, there have also been proposals structured to be openly oriented towards the design of decent working conditions - that is, considering diagnoses and interventions that were based on the workers’ point of view and on what happens in reality at work situations. In these approaches, the tradition of activity ergonomics and work psychology once again demonstrate the wealth of methodological tools and intervention models whose foundations historically precede concerns with QWL.
Laboreal invites researchers to present studies addressing this issue, in particular those that present detailed field experiences.
Articles will be published in one of the journal’s two languages (Spanish or Portuguese). However, proposals and texts submitted for evaluation may also be written in French or English.
Authors will be responsible for translating their work into Spanish or Portuguese, taking into account the results of the evaluations.
Issue Editors
Lúcia Simões and Marianne Lacomblez
Schedule
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October 14th, 2024: Deadline for submitting proposals with the following content:
article title; 500-word abstract with a projection of the author's intentions for the article; and 5 references, including references to the authors- publications. Proposals should be sent to the following email address: laboreal@fpce.up.pt
- October 31st, 2024: Deadline for informing authors of the evaluation results of the proposals.
- December 15th, 2024: Deadline for receipt of complete papers.
- February 15th, 2025: Deadline for informing authors of article evaluation results.
- March 31st, 2025: Deadline for receiving revised versions of articles.
- 31st of May 2025: Deadline for receiving the final version of the papers, in Spanish or Portuguese.
Scientific Committee
- Lúcia Simões Costa ESTESC-Coimbra Health School, Instituto Politécnico de Coimbra, Portugal
- Marianne Lacomblez Centro de Psicologia da Universidade do Porto, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal
- Daniel Silva Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, Porto, Portugal
Ferreira, M. C. (2015). Qualidade de Vida no Trabalho (QVT): do assistencialismo à promoção efetiva. Laboreal, 11(2), 1-11. https://doi.org/10.4000/laboreal.3552