Announcement
Apresentação
A reorientação teórica dos estudos literários no sentido da sua renovada aproximação ao “real”, identificada mais tarde por alguns como o “spatial turn” (Soja, 1989) começa a desenhar-se no panorama teórico-literário a partir de meados do século XX, no momento em que teóricos de referência no campo estruturalista concedem largo espaço da sua reflexão ao relacionamento entre “a literatura e a realidade”, com o objetivo de denunciar, insistentemente, qualquer “ilusão referencial” (Barthes et al., 1982) e de remeter o espaço literário à sua especularidade intratextual (Dällenbach, 1977). É incontestável porém que a relação do homem com o mundo constituiu, desde sempre, uma das temáticas preponderantes da história da literatura, estimulada, a partir dos séculos XIV e XV, pelas viagens que marcam a viragem da modernidade (Westphal, 2011), pela própria prática e escrita de escritores “viajantes” ao longo dos séculos XVIII e XIX, e consequente ascensão da “literatura de viagens” à categoria de género literário.
Assistimos hoje a mudanças de paradigma, em que se desenham novas territorialidades literárias, em que se interrogam as fronteiras entre o real e a ficção (Lavocat, 2016) e se erguem novas formas de abordagem do espaço literário. Mudanças de paradigma que decorrem desde logo da prática da viagem, cujas motivações antropológicas se alteraram profundamente (Debaene, 2010), com particular incidência no campo literário, em que “mundos” e “textos” possíveis (Lavocat, 2010; Escola (éd.) 2012) conjeturam novos territórios a explorar para além da “letra” do texto, em que um “mundo plausível” pode ser desenhado para além da visão cartográfica eurocêntrica do mundo (Westphal, 2011), em que novas práticas de mobilidade suscitam novas formas de escrita e outros suportes de expressão, bem como novas formas de ler, ancoradas numa geografia física mas também humana (Bouvet, 2015). Perspetivamos hoje a produção literária em contextos e abordagens mundiais, indelimitáveis, marcados pelo triunfo da tradução (Damrosch, 2003). Ora mais centrado sobre o observador, determinando uma perceção do mundo egocentrada, ora valorizando o espaço representado através de abordagens multifocalizadas e geocentradas, o estudo da literatura demanda, presentemente, outros instrumentos operatórios para a compreensão da sua relação com o real. Abre-se assim vasto campo às indagações de uma Geopoética que se torna necessário interrogar, no sentido de nela se destacarem as suas principais orientações teóricas e propostas metodológicas na atualidade. Quer no sentido restrito do termo, divulgado por Kenneth White a partir de finais da década de 1970 para exprimir a consciência do mundo subjacente à criação poética, quer no seu sentido mais lato, englobando a reflexão teórica suscitada pela atenção que a literatura concede ao relacionamento entre o homem e o espaço, a Geopoética anuncia-se como um campo de investigação que volta a questionar os pressupostos teóricos da referencialidade espacial e da criação literária no quadro da pós-modernidade, no qual os espaços de fronteira, de passagem, ou as configurações territoriais que novos mapeamentos dos espaços humanos proporcionam, em função de novas mobilidades, se constituem como valores fundamentais.
Face à diversidade e complexidade de questões que o texto literário convoca, os contributos oferecidos pela Geopoética ganham com o diálogo com outras reflexões e instrumentos conceptuais avançados, por exemplo, por Yi-Fu Tuan ou por Wolfgang Welsch. Na verdade, usados já por Bachelard ou Yi-Fu Tuan, os conceitos de "Topofilia" e "Topofobia" evidenciam hoje, num contexto transdisciplinar, os laços afetivos entre o homem e o espaço. O espaço é delimitado pelo indivíduo que o observa, por uma visão aberta ou fechada da identidade cultural, e justifica as políticas de inclusão ou exclusão do outro. Percecionar um espaço condiciona as atitudes, os valores e a linguagem dos homens que o habitam, percorrem ou imaginam. Perceber um espaço obriga pois, desde logo, ao diálogo entre a poética, a retórica, a ética e a geografia. Também o conceito de “transculturalidade”, baseado no postulado eufórico da mobilidade e da porosidade entre fronteiras, fundado numa reorganização democrática das assimetrias de poder, convida a um novo olhar sobre o espaço, que se compreende dinâmico, tanto nas suas componentes político-sociais como nas dimensões culturais e literárias.
Assim, dentro dos paradigmas teóricos acima enunciados, convidam-se todos os interessados que estas questões interpelam a proporem intervenções, em torno dos seguintes eixos temáticos:
- Geopoética e geocrítica: questões de transdisciplinaridade
- Spatial turn e novas territorialidades literárias
- Liminaridades e transfronteiras
- Geopoética e perceção do espaço pela literatura
- Geopoética: ficção e referencialidade
- Geopoética: topofilia e topofobia
- Geopoética: espaço e transculturalidades
Bibliografia citada
Barthes, R. et al., Littérature et réalité, Paris, Seuil, 1982.
Bouvet, R., Vers une approche géopoétique : Lectures de Kenneth White, Victor Segalen, J.-M. G. Le Clézio, Presses Universitaires du Québec, 2015.
Dällenbach, L., Le récit spéculaire : essai sur la mise en abîme, Paris, Seuil, 1977.
Damrosch, D., What is World Literature?, Princeton University Press, 2003.
Debaene, V., L’adieu au voyage: l’ethnologie française entre science et littérature, Paris, Gallimard, 2010.
Escola, M. (éd.), Théorie des textes possibles, Rodopi, coll. C.R.I.N., 2012.
Lavocat, F., La théorie littéraire des mondes possibles, Éditions du CNRS, 2010.
Lavocat, F., Fait et fiction : pour une frontière, Paris, Seuil, 2016.
Soja, E., Postmodern Geographies: The Reassertion of Space in Critical Social Theory, London, Verso, 1989.
Tuan, Yi-Fu, Space and Place. The Perspective of Experience [1977], Minneapolis, London, University of Minnesota Press, 2002.
Welsch, Wolfgang “Transculturality - the Puzzling Form of Cultures Today”, in Mike Featherstone / Scott Lash (ed.), Spaces of Culture: City, Nation, World, ed. by, London, Sage 1999, 194-213
http://www2.uni-jena.de/welsch/papers/W_Wlelsch_Transculturality.html).
Westphal, B., Le monde plausible : espace, lieu, carte, Paris, Les Éditions de Minuit, 2011.
Línguas de Comunicação
As línguas de apresentação das comunicações serão : o português, o espanhol, o francês e o inglês.
Envio das propostas de comunicação
Todas as propostas de comunicação serão submetidas a avaliação pela Comissão Científica do colóquio. Pede-se o favor de indicarem o eixo de trabalho escolhido. As comunicações admitidas não deverão ultrapassar os 20 minutos.
A submissão de propostas (resumo entre 250 a 300 palavras), acompanhada de um breve CV, deverá ser feita no seguinte endereço: geopoeticas2017@gmail.com
Nota bene : os textos das comunicações serão objeto de publicação, após parecer de uma comissão científica de leitura e sob o compromisso de envio do texto de acordo com as normas de publicação, a indicar.
Calendário
-
31 janeiro 2017 :data limite para envio de propostas de comunicação
- 28 fevereiro 2017: data limite para envio da resposta da comissão científica
- 8 a 15 maio 2017 : inscrição no colóquio
- 1 junho 2017 : publicação do programa do colóquio
- 29, 30 de junho e 1 de julho de 2017 : colóquio Faculdade de Letras da Universidade do Porto
Conselho científico
- Alain Montandon
- Claude Reichler
- Helena Buescu
- Jean-Yves Puyo
- Lionel Dupuy
- Nathalie Roelens
Organização
- Ana Paula Coutinho
- Gonçalo Vilas Boas
- Jorge Bastos da Silva
- José Domingues de Almeida
- Maria de Fátima Outeirinho
- Maria Hermínia Amado Laurel
- Maria Luísa Malato
- Maria Teresa Oliveira
Organismo Responsável : ILC Margarida Losa
Inscrição
- 100,00€ (montante relativo à inscrição, dossier, certificado, coffee-break e almoços do colóquio).
- 120,00€ (de 16 de maio a 31 maio 2017)
Está previsto um jantar do colóquio sob inscrição.
Forma de pagamento :
Por favor, entrar em: https://www.letras.up.pt/gi/por/eventos.asp
Argumentaire
La réorientation théorique des études littéraires dans le sens de son approche renouvelée du “réel”, identifiée plus tard par d’aucuns comme le “tournant spatial” (Soja, 1989) commence à prendre forme dans le panorama théorico-littéraire à partir du milieu du XXe siècle, quand des théoriciens de renom dans le champ structuraliste accordent un vaste espace de réflexion au rapport entre « la littérature et la réalité », dans le but de dénoncer avec insistance toute « illusion référentielle » (Barthes et al., 1982), et de renvoyer l’espace littéraire à sa spécularité intratextuelle (Dällenbach, 1977).
Il est incontestable que le rapport de l’homme au monde a, depuis toujours, constitué une des thématiques prépondérantes de l’histoire de la littérature, stimulée à partir des XIVe et XVe siècles, par les voyages qui signalent le tournant de la modernité (Westphal, 2011), par la pratique et l’écriture mêmes d’écrivains « voyageurs » au cours des XVIIIe et XIXe siècles, et par la conséquente promotion de la « littérature de voyages » à la catégorie de genre littéraire
Nous assistons aujourd’hui à des changements de paradigmes où se dessinent de nouvelles territorialités littéraires, où l’on interroge les frontières entre le réel et la fiction (Lavocat, 2016), et où se dégagent de nouvelles formes d’approche de l’espace littéraire. Des changements de paradigmes qui découlent avant tout de la pratique du voyage, dont les motivations anthropologiques ont profondément changé (Debaene, 2010), avec une incidence particulière sur le champ littéraire où « mondes » et « textes » possibles (Lavocat, 2010; Escola (éd.) 2012) préludent à de nouveaux territoires à explorer au-delà du texte « littéral », où un « monde plausible » peut se dessiner au-delà de la vision cartographique eurocentrée du monde (Westphal, 2011), où de nouvelles pratiques de mobilité suscitent de nouvelles formes d’écriture et d’autres supports d’expression, ainsi que de nouvelles manières de lire, ancrées sur une géographie physique, mais également humaine (Bouvet, 2015).
Nous pointons aujourd’hui la production littéraire en des contextes et des approches mondiales, non-délimitables, marqués par le triomphe de la traduction (Damrosch, 2003). Tantôt davantage centrée sur l’observateur – ce qui implique une perception du monde égocentrée –, tantôt valorisant l’espace représenté par le biais d’approches multifocalisées et géocentrées, l’étude de la littérature requiert de nos jours d’autres outils opératoires en vue de la compréhension de son rapport au réel. S’ouvre ainsi un vaste domaine pour la recherche d’une Géopoétique, qu’il s’agit d’interroger afin d’y signaler ses principales orientations théoriques et propositions méthodologiques actuelles.
Aussi bien au sens strict du terme, mis en orbite par Kenneth White à partir de la fin des années 1970 pour rendre la conscience du monde sous-jacente à la création poétique, qu’au sens plus large, englobant la réflexion théorique suscitée par l’attention que la littérature accorde au rapport de l’homme à l’espace, la Géopoétique pointe un domaine de recherche qui interroge à nouveau les fondements théoriques de la référentialité spatiale et de la création littéraire dans le cadre de la postmodernité, où les espaces frontaliers, de passage, ou les configurations territoriales que de nouvelles cartographies des espaces humains procurent en fonction de nouvelles mobilités, s’imposent comme valeurs fondamentales. Face à la diversité et à la complexité de questions que le texte littéraire soulève, les apports fournis par la Géopoétique gagnent à être confrontés avec d’autres réflexions et outils conceptuels avancés, par exemple, par Yi-Fu Tuan ou par Wolfgang Welsch. En fait, mis en usage de leur temps déjà par Bachelard ou Yi-Fu Tuan, les concepts de « Topophilie » et de « Topophobie » mettent aujourd’hui en évidence, dans un contexte transdisciplinaire, les liens affectifs entre l’homme et l’espace. L’espace est délimité par l’individu qui l’observe, par une vision ouverte ou fermée de l’identité culturelle, et cautionne les politiques d’inclusion ou d’exclusion de l’Autre. La perception spatiale conditionne les attitudes, les valeurs et le langage des hommes qui l’habitent, le parcourent ou l’imaginent. Elle oblige, dès lors, au dialogue entre la poétique, la rhétorique, l’éthique et la géographie.
De même, le concept de « transculturalité », fondé sur le postulat euphorique de la mobilité et de la porosité entre les frontières, étayé sur une réorganisation démocratique des asymétries de pouvoir, invite à un nouveau regard sur l’espace, lequel se veut dynamique, aussi bien dans ses composantes politico-sociales que dans ses dimensions culturelles et littéraires.
Aussi, suivant les paradigmes théoriques énoncés plus haut, nous invitons tous les intéressés que ces questions interpellent à proposer des interventions autour des axes thématiques suivants :
- Géopoétique et géocritique: questions de transdisciplinarité ;
- Le Tournant spatial et les nouvelles territorialités littéraires ;
- Liminalités et espaces transfrontaliers ;
- Géopoétique et perception de l’espace par la littérature ;
- Géopoétique: fiction et référentialité ;
- Géopoétique: topofiphilie et topofophobie ;
- Geopoétique: espace et transculturalités.
Conférenciers confirmés
- Bertrand Westphal (Université de Limoges)
- Robert Tally (Texas State University)
- Álvaro Domingues (Universidade do Porto)
Bibliographie citée
Barthes, R. et al., Littérature et réalité, Paris, Seuil, 1982.
Bouvet, R., Vers une approche géopoétique : Lectures de Kenneth White, Victor Segalen,
J.-M. G. Le Clézio, Presses Universitaires du Québec, 2015.
Dällenbach, L., Le récit spéculaire : essai sur la mise en abîme, Paris, Seuil, 1977.
Damrosch, D., What is World Literature?, Princeton University Press, 2003.
Debaene, V., L’adieu au voyage: l’ethnologie française entre science et littérature, Paris, Gallimard, 2010.
Escola, M. (éd.), Théorie des textes possibles, Rodopi, coll. C.R.I.N., 2012.
Lavocat, F., La théorie littéraire des mondes possibles, Éditions du CNRS, 2010.
Lavocat, F., Fait et fiction : pour une frontière, Paris, Seuil, 2016.
Soja, E., Postmodern Geographies: The Reassertion of Space in Critical Social Theory, London, Verso, 1989.
Tuan, Yi-Fu, Space and Place. The Perspective of Experience [1977], Minneapolis, London, University of Minnesota Press, 2002.
Welsch, Wolfgang “Transculturality - the Puzzling Form of Cultures Today”, in Mike
Featherstone / Scott Lash (ed.), Spaces of Culture: City, Nation, World, ed. by, London, Sage 1999, 194-213
http://www2.uni-jena.de/welsch/papers/W_Wlelsch_Transculturality.html).
Westphal, B., Le monde plausible : espace, lieu, carte, Paris, Les Éditions de Minuit, 2011.
Langues de communication
Les langues de communication sont le portugais, l’espagnol, le français et l’anglais.
Soumission des propositions
Toutes les propositions de communication doivent être soumises à l’évaluation du Comité Scientifique du colloque. Merci de signaler l’axe d’approche retenu. Les communications retenues ne pourront dépasser les 20 minutes.
La soumission de proposition (résumé entre 250 et 300 mots), accompagnée d’une brève notice biobibliographique, est à envoyer au courriel suivant: geopoeticas2017@gmail.com
NB : les textes des communications feront l’objet d’une publication sur avis favorable d’un comité de lecture et sur engagement de remise du texte selon le protocole de rédaction à signaler.
Calendrier
-
31 janvier 2017 : date-butoir pour la soumission de propositions de communication.
- 28 février 2017: date-butoir pour la réponse du comité scientifique.
- 8 au 15 mai 2017 : inscription au colloque.
- 1er juin 2017 : publication du programme du colloque.
- 29, 30 juin et 1er juillet 2017 : colloque, Faculté des Lettres de l’Université de Porto
Comité scientifique
- Alain Montandon
- Claude Reichler
- Helena Buescu
- Jean-Yves Puyo
- Lionel Dupuy
- Nathalie Roelens
Organisation
- Ana Paula Coutinho
- Gonçalo Vilas Boas
- Jorge Bastos da Silva
- José Domingues de Almeida
- Maria de Fátima Outeirinho
- Maria Hermínia Amado Laurel
- Maria Luísa Malato
- Maria Teresa Oliveira
Organisme responsable : ILC Margarida Losa
Inscription
- 100,00€ (montant qui assure l’inscription, le dossier, le certificat, les pause-café et les déjeuners du colloque).
- 120,00€ (du 16 mai au 31 mai 2017)
Un dîner du colloque est prévu sur inscription.
Modalités de paiement
Merci d’entrer sur: https://www.letras.up.pt/gi/por/eventos.asp
Argument
The theoretical reorientation of literary studies towards their renewed convergence with the “real”, later identified by some as the “spatial turn” (Soja, 1989), started to develop in the literary-theoretical landscape in the middle of the twentieth century, at the moment when key theoreticians in the field of structuralism paid significant attention to the relationship between “literature and reality”, with the aim of insistently denouncing any “referential illusion” (Barthes et al., 1982) and of committing the space of literature to intratextual specularity (Dällenbach, 1977). It is undeniable, however, that the relationship between man and the world has always been a prevailing topic in the history of literature, stimulated, since the fourteenth and fifteenth centuries, by the voyages that marked the turn of modernity (Westphal, 2011), by the practices and writing of travelling authors themselves in the course of the eighteenth and nineteenth centuries, and by the ensuing rise of “travel literature” to the category of a literary genre.
Today we are witness to paradigm changes that point to new literary territories in which the borders between the real and fiction are questioned (Lavocat, 2016) and new forms of approach to literary space emerge. Paradigm changes which result from the practice of travelling, the anthropological motivations of which have thoroughly changed (Debaene, 2010), with particular impact in the field of literature, where possible “worlds” and “texts” (Lavocat, 2010; Escola (éd.) 2012) conjecture new territories to be explored beyond the “letter” of the text, in which a “plausible world” may be charted beyond the cartographic Eurocentric vision of the world (Westphal, 2011), in which new practices of mobility call forth new forms of writing and other media, as well as new ways of reading, founded on a particular human as well as physical geography (Bouvet, 2015). Today we picture literary production in a global context and global approaches, unsusceptible of being delimited, marked by the triumph of translation (Damrosch, 2003). Whether more directly focused on the observer, determining an egocentred perception of the world, or valuing the depicted space by means of multifocused and geocentred approaches, the study of literature at present calls for other conceptual tools for the understanding of its relation to reality. A wide field is therefore opened to the inquiries of a Geopoetics which it becomes necessary to question, in order to bring forward its main theoretical orientations and current methodological proposals. Both in the strict sense of the term, advocated by Kenneth White from the late 1970s to express the awareness of the world underlying poetic creation, and in the wider sense, encompassing the theoretical reflection elicited by the attention paid by literature to the relationship between man and space, Geopoetics presents itself as a field of research which once again challenges the theoretical assumptions of spatial referentiality and literary creation in the context of postmodernity, in which the spaces of frontier, of passage, or the territorial configurations resulting from new cartographies of human spaces, taking new mobilities into account, become fundamental values.
In the face of the diversity and complexity of issues posed by the literary text, the contributions of Geopoetics benefit from a dialogue with other reflections and conceptual tools such as those put forward by Yi-Fu Tuan and Wolfgang Welsch. Indeed, the concepts of “topophilia” and “topophobia” evince today, in a transdisciplinary context, the affective ties linking man and space. Space is demarcated by the subject who observes it, by either an open or closed outlook on cultural identity, and justifies the politics of inclusion or exclusion of the other. The perception of a space conditions the attitudes, the values and the language of those who inhabit, traverse or imagine it. To perceive a space thus requires a dialogue between poetics, rhetorics, ethics and geography. The concept of “transculturality” too, based on the euphoric premise of mobility and porosity between frontiers, founded on a democratic reorganization of the asymmetries of power, asks for a new look on space, which is understood to be dynamic in its political and social dimensions as well as in its cultural and literary aspects.
Thus, under the abovementioned theoretical paradigms, we invite all interested scholars to propose contributions around the following thematic axes:
- Geopoetics and geocriticism: issues of transdisciplinarity
- Spatial turn and the new literary territories
- Liminalities and transfrontiers
- Geopoetics and the perception of space through literature
- Geopoetics: fiction and referentiality
- Geopoetics: topophilia and topophobia
- Geopoetics: space and transculturalities
Works cited
Barthes, R. et al., Littérature et réalité, Paris, Seuil, 1982.
Bouvet, R., Vers une approche géopoétique : Lectures de Kenneth White, Victor Segalen,
J.-M. G. Le Clézio, Presses Universitaires du Québec, 2015.
Dällenbach, L., Le récit spéculaire : essai sur la mise en abîme, Paris, Seuil, 1977.
Damrosch, D., What is World Literature?, Princeton University Press, 2003.
Debaene, V., L’adieu au voyage: l’ethnologie française entre science et littérature, Paris, Gallimard, 2010.
Escola, M. (éd.), Théorie des textes possibles, Rodopi, coll. C.R.I.N., 2012.
Lavocat, F., La théorie littéraire des mondes possibles, Éditions du CNRS, 2010.
Lavocat, F., Fait et fiction : pour une frontière, Paris, Seuil, 2016.
Soja, E., Postmodern Geographies: The Reassertion of Space in Critical Social Theory, London, Verso, 1989.
Tuan, Yi-Fu, Space and Place. The Perspective of Experience [1977], Minneapolis, London, University of Minnesota Press, 2002.
Welsch, Wolfgang “Transculturality - the Puzzling Form of Cultures Today”, in Mike
Featherstone / Scott Lash (ed.), Spaces of Culture: City, Nation, World, ed. by, London, Sage 1999, 194-213
http://www2.uni-jena.de/welsch/papers/W_Wlelsch_Transculturality.html).
Westphal, B., Le monde plausible : espace, lieu, carte, Paris, Les Éditions de Minuit, 2011.
Languages of communication
Languages for the presentation of papers are Portuguese, Spanish, French and English.
Submission guidelines
Paper proposals will be submitted to assessment by the conference Scientific Committee.
Authors are requested to specify the thematic axis of their choice. Accepted papers should be no longer than 20 minutes.
Submission of proposals (abstract of 250 to 300 words), together with a short CV, should be made to the following address: geopoeticas2017@gmail.com
Nota bene: Papers will be published following assessment by a committee of reviewers, and with the understanding that texts will be sent in accordance with publication rules (to be specified).
Calendar
-
31 January 2017: deadline for paper proposals
- 28 February 2017: deadline for notification of acceptance by the organizing committee
- 8 to 15 May 2017: conference registration
- 1 June 2017: publication of conference programme
- 29, 30 June and 1 July 2017 : symposium Faculty of Arts and Humanities, University of Porto
Scientific committee
- Alain Montandon
- Claude Reichler
- Helena Buescu
- Jean-Yves Puyo
- Lionel Dupuy
- Nathalie Roelens
Organization
- Ana Paula Coutinho
- Gonçalo Vilas Boas
- Jorge Bastos da Silva
- José Domingues de Almeida
- Maria de Fátima Outeirinho
- Maria Hermínia Amado Laurel
- Maria Luísa Malato
- Maria Teresa Oliveira
Organizing institution : ILC Margarida Losa
Registration Fee
- 100.00€ (the amount covers registration, folder, certificate, coffee-breaks and conference lunches).
- 120.00€ (from 16 May to 31 May 2017) A conference dinner is planned as a ticketed even.
Form of payment: Please go to: https://www.letras.up.pt/gi/por/eventos.asp