Announcement
Apresentação
Os objetos estão de volta à teoria social contemporânea com uma nova força. Seja na forma de bens de consumo, tecnologias de comunicação, obras de arte ou mesmo de espaços urbanos, um novo mundo de materialidades e objetividades surge agora com uma urgência que os transformou em novos lugares de questionamento e reflexão. Se as visões pós-estruturalistas e construtivistas de caráter mais radical tenderam a liquefazer tudo o que era sólido, agora é precisamente a solidez do que nos rodeia que nos capta a atenção, levando-nos, por exemplo, a atentar no imediatismo sensorial dos objetos com que vivemos, trabalhamos e conversamos; amamos e odiamos. A materialidade volta a ocupar um lugar central no discurso e na prática museológica e patrimonial, re-imaginando, a cada passo, o que de facto constitui esta materialidade.
Diferentes abordagens no âmbito da Museologia, antropologia, geografia, cultura material, estudos de ciência e tecnologia, design, sociologia do consumo e da cultura – para nomear apenas algumas –, apontam para uma compreensão da capacidade performativa e integradora dos objetos para ajudar a construir aquilo a que chamamos sociedade. Novas abordagens em relação à cultura material e visual, ao estudo de artefactos e das histórias enredadas de coleções apresentam o museu como um laboratório e a coleção como uma tecnologia de pesquisa. Importantes projetos interdisciplinares utilizam as coleções como forma de aproximação a questões mais amplas relacionadas com a arte, a cultura, a história ou mesmo com o meio ambiente. Métodos que nos chegam dos estudos literários, por exemplo, desenham abordagens para analisar objetos de memória bem reveladoras do apetite por novas formas de problematização e enquadramento destes temas. Este enfoque, de caráter mais literário, encontra-se bem patente em muitos trabalhos recentemente publicados, incluindo, Uma História do Mundo em 100 Objetos (MacGregor 2014), A Lebre dos Olhos de Âmbar (De Waal 2010), Objetos Evocativos: Coisas Com Que Pensamos (Turkle 2007), Parafernália: A Vida Curiosa das Coisas Mágicas (Connor 2011), O Bacalhau - Biografia do Peixe que Mudou o Mundo (Kurlansky 2003) ou Biografias de Objetos Científicos (Daston 2000). A abordagem biográfica de objetos levanta questões metodológicas substanciais relacionadas com a sua narrativa, estrutura e cronologia, representação da mudança, influência nas vidas humanas, comunidades e história material e, crucialmente, com a sua interpretação e visibilidade em museus. O estudo de caráter biográfico de objetos tem proporcionado áreas de pesquisa académica extremamente produtivas e inovadoras, incluindo o trabalho de Bill Brown sobre Thing Theory (2001); de Chris Gosden, Frances Larson e Alison Petch (2007) a partir das coleções do Museu Pitt Rivers; e, claro, os ensaios incluídos no volume já clássico editado por Arjun Appadurai, em 1986, nomeadamente sobre o valor e a troca de objetos. Ao concentrar-se mais atentamente na vida social dos objetos e nos seus efeitos expressivos, retroativos ou interpelantes da atividade humana, este número da MIDAS pretende incluir visões transversais entre os vários “novos materialismos”, forjando, ao mesmo tempo, ligações críticas com tropos mais clássicos e temas da história da Museologia.
Para além disso, ao incorporarmos os aspetos intangíveis (históricos, emocionais, espirituais) e relacionais (propriedade, pertença e identidade) dos objetos em museus, abrem-se, ainda, outras possibilidades de exploração que permitem a problematização de abordagens educacionais que representam o museu como contentor de património. Assim, considera-se o património como a relação que ocorre entre bens e pessoas, relação capaz de conectar os bens culturais com a sociedade a que pertence e o tempo legatário. Nessa lógica, os objetos convertem-se numa espécie de portadores de identidade que assume corporeidade através de narrativas, biografias e construções artísticas que se apresentam como uma manifestação do vínculo gerado entre os bens culturais e as pessoas. De resto, a criação de tais ligações não acontece apenas no espaço físico dos museus, mas, e cada vez mais, noutros espaços (incluindo virtuais). Todas estas relações são diferentes formas de manifestação da mesma aproximação: a relação de identidade entre indivíduos ou grupos e elementos patrimoniais.
Um outro enfoque que gostaríamos de incluir neste número da MIDAS, refere-se à relação objeto-aprendizagem privilegiada em museus. É comum afirmar-se que os objetos facilitam a aprendizagem através do desenvolvimento de competências de observação e questionamento, permitindo conotações emocionais e fazendo com que ideias complexas se tornem compreensíveis. Neste ponto, privilegia-se a apresentação de discussões sobre estes conceitos a partir de investigação baseada, por exemplo, em estudo de casos.
Este número da revista MIDAS faz parte do esforço atual para reunir diferentes perspetivas (museológica, curatorial, teórica) sobre o lugar dos objetos em museus, a fim de mapear criticamente este domínio. Em suma, trata-se de refletir e apresentar exemplos relevantes que permitam recuperar a teorização sobre objetos em museus como portadores não apenas de significados sociais, mas também individuais, permitindo que os processos de patrimonialização e identização sejam também explorados a partir do ponto de vista da educação. Os tópicos/questões propostas sobrepõem-se parcialmente devendo permitir o confronto de vários pontos de vista teóricos e metodológicos e a produção de materiais diversificados.
Temas a desenvolver
Preferencialmente, destacam-se três linhas de análise:
a) Relatos individuais: narrativas, biografias, construções artísticas em torno do objeto musealizado
Os artigos podem, por exemplo, oferecer relatos biográficos de objetos particulares. Textos que reflitam sobre a metodologia de biografias de objetos ou que apresentem projetos existentes relacionados com a vida dos objetos; textos que explorem a relação entre a curadoria e a auto/biografia a partir de objetos; a história dos museus (o museu como artefacto); e quaisquer outras facetas do tema em causa, devidamente justificadas.
b) Internet e redes sociais como cenário para gerar e partilhar os vínculos identitários sujeito-objeto
Através da Internet, os museus têm transformado a forma como se relacionam com os públicos. Geram-se sinergias que promovem uma maior autonomia dos públicos e que criam novos espaços de interação. Que novas formas de espaços sujeito-objeto, museus virtuais e redes sociais têm gerado? Será que este tipo de “extensão relacional” de museus nos permite refletir sobre o tipo de vínculos que estão a criar? Que novas formas de contar e narrar têm surgido e, portanto, que vozes estão a ser ouvidas através desses novos ambientes relacionais? O íntimo, o pessoal, o micro adquire aqui uma dimensão mais relevante, multiplicando-se e construindo conexões mais profundas em relação ao património?
c) A relação objeto-aprendizagem privilegiada em museus
Qual o “valor acrescentado” que a aprendizagem baseada em objetos nos traz? Que abordagens se utilizam atualmente em museus e que evidências se procuram apresentar? Como podem os especialistas em educação ajudar os museus a falar sobre a aprendizagem baseada em objetos? Como podem os museus utilizar os objetos de forma mais criativa? E como é que essas abordagens diferem de outras para a produção de conhecimento? Qual o impacto, as oportunidades e os desafios do uso da tecnologia digital neste contexto? Que impacto poderá ter, por exemplo, a impressão 3D de objetos digitais para a experiência baseada em objetos? Que potenciais tecnologias poderemos utilizar no futuro? Neste contexto poderiam ainda ser exploradas outro tipo de questões.
Referências Bibliográficas
Appadurai, Arjun, ed. 1986. The Social Life of Things: Commodities in Cultural Perspective. Cambridge: Cambridge University Press.
Brown, Bill. 2001. “Thing Theory.” Critical Inquiry 28, 1, Things (Autumn, 2001): 1-22.
Connor, Steven. 2012. ‘Parafernalia’: La Curiosa Historia de Nuestros Objetos Cotidianos/Paraphernalia: The Curious Life of Magical Things.Barcelona:Editorial Ariel.
Daston, Lorraine, ed. 2000. Biographies of Scientific Objects.Chicago: University of Chicago Press.
De Waal, Edmund. 2012. A Lebre dos Olhos de Âmbar/The Hare with Amber Eyes. 3.ª ed. Porto: Porto Editora/Sextante.
Gosden, Cris; Frances Larson, e Alison Petch. 2007. Knowing Things: Exploring the Collections at the Pitt Rivers Museum, 1884-1945. Oxford: Oxford University Press.
Kurlansky, Mark. 2000. O Bacalhau - Biografia do Peixe que Mudou o Mundo/Cod – A Biography of the Fish That Changed the World. Lisboa: Terramar.
MacGregor, Neil. 2014. Uma História do Mundo em 100 objetos/A History of the World in 100 Objects. Lisboa: Temas e Debates e Círculo de Leitores.
Turkle, Sherry, ed. 2007. Evocative Objects: Things We Think With.Cambridge: MIT Press.
Submissão de propostas
Os textos devem ser enviados até 15 de março de2017
para revistamidas@gmail.com
Os artigos não devem ultrapassar as 6 000 palavras (sem bibliografia incluída), ou cerca de 40 000 caracteres (incluindo espaços). Deve ser seguida a estrutura clássica de um artigo académico. Os artigos incluem resumo e abstract, palavras-chave e biografia do(s) autor(es).
Mais informações sobre as normas de publicação: http://midas.revues.org/361
Editores convidados
Alice Semedo
Entre outras funções, tem sido professora de Museologia (desde 1994) e diretora do curso de mestrado em Museologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal) nos últimos anos. Neste curso leciona disciplinas que demonstram bem os seus diferentes interesses de ensino e investigação: museus e Museologia, estudos e gestão de coleções e, finalmente, políticas e práticas de comunicação em museus. Ultimamente tem centrado a sua atenção, essencialmente, nos seguintes temas: discursos e narrativas museológicas. espaços colaborativos de aprendizagem e a utilização de metodologias criativas/líquidas em contextos museológicos, orientando dissertações de mestrado e doutoramento nestas tão diferentes áreas. No âmbito das suas atividades académicas e profissionais tem procurado envolver-se e desenvolver projetos de diferente natureza, promovendo, por exemplo, a organização de conferências ou a organização/edição de livros; destaca-se, ainda, o seu envolvimento com uma outra revista científica, a Journal Museum Worlds. Nesta breve biografia interessa ainda dizer que começou por se licenciar em História, variante de Arqueologia, na Universidade de Coimbra e optou, depois, por desenvolver os seus estudos de pós-graduação e doutoramento na Universidade de Leicester onde fez, primeiro, um master degree com uma dissertação sobre gestão de coleções, apresentando, mais tarde e sob orientação de Susan Pearce, a tese de doutoramento intitulada The Professional Museumscape: Portuguese Poetics and Politics. Atualmente é também investigadora do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto.
Olaia Fontal
Licenciada en Bellas Artes por la Universidad del País Vasco/Euskal Herriko Unibertsitatea, licenciada en Historia del Arte y doctora en Ciencias de la Educación por la Universidad de Oviedo. Es profesora titular en la Universidad de Valladolid en Educación Artística, autora de numerosos libros y artículos indexados en la temática de la educación patrimonial. Actualmente dirige el Observatorio de Educación Patrimonial en España (OEPE), una sucesión de tres proyectos de I+D+i y es co-coordinadora del Plan Nacional de Educación Patrimonial en España.
Alex Ubañez
Licenciado en Geografía e Historia, y doctor en Ciencias de la Educación, es profesor titular de Universidad de Didáctica de las Ciencias Sociales en la Universidad del País Vasco. Especialista en Educación Patrimonial, y docente de Investigación en Didáctica del Patrimonio en la Universidad de Huelva, ha codirigido cuatro tesis doctorales en este ámbito. Desde 2006, ha participado de manera ininterrumpida en equipos de investigación de proyectos de I+D+i del MINECO, siendo en la actualidad investigador principal en uno. Es miembro de la red de excelencia en investigación de las Ciencias Sociales, Red14 y ha sido redactor de la Plan Nacional de Educación Patrimonial de España.
Argument
MIDAS – Museum Interdisciplinary Studies is launching a call for papers for issue 8 for publication in June 2017. This issue is a thematic dossier under the theme “Objects and Museums: Biographies, Narratives and Identity Bonds” with Alice Semedo (University of Porto), Olaia Fontal (University of Valladolid) e Alex Ibanez (University of the Basque Country) as guest editors.
Objects are returning to contemporary social theory with renewed strength. Whether it be in the form of commodities, communication technologies, artwork or even urban spaces, a new world of materiality and objectivity is now emerging with a sense of urgency that transforms them into new places for questioning and reflection. While the most radical poststructuralist and constructivist views tended to liquefy everything solid, today it is precisely the solidity that surrounds us which captures our attention and leads us, for example, to focus on the sensory immediacy of the objects we live, work and speak with — the objects we love and hate. Materiality thus regains a central position in the museological and heritage-related discourse and practice, which in this way are constantly re-imagining what constitutes such materiality.
Several approaches within the spheres of Museology, anthropology, geography, material culture, science and technology studies, design, sociology of consumerism and culture — to name but a few — point towards an understanding of the performative and integrative capacity of objects in helping build that which we call society. New approaches related to material and visual culture, the study of artefacts and the collections of interwoven narratives regard the museum as a laboratory, and museum collections as research technology. Major interdisciplinary projects resort to collections as a means to approaching broader questions concerning art, culture, history or even the environment. Methods drawn from the field of literary studies, for example, are used to design approaches for the analysis of objects of memory that reveal a hunger for new ways of questioning and tackling these issues. Such an approach — closer to literary discourse — becomes more evident in many recently published works, including A History of the World in 100 Objects (MacGregor 2014), The Hare with Amber Eyes (De Waal 2010), Evocative Objects: Things We Think With (Turkle 2007), Paraphernalia: The Curious Life of Magical Things (Connor 2011), Cod – A Biography of the Fish That Changed the World (Kurlansky 2003) or Biographies of Scientific Objects (Daston 2000). Applying the biographic approach to objects raises important methodological questions concerning their narrative, structure and chronology, the representation of change, their influence on the lives of humans, the communities and their material history and, above all, their interpretation and visibility in museums. The biographical study of objects has opened up extremely productive and innovative areas of academic research, including the work of Bill Brown on «Thing Theory» (2001); Chris Gosden’s, Frances Larson’s and Alison Petch contribution (2007) in connection with the Pitt Rivers Museum’s collections; and, of course, the essays included in the already classic volume edited by Arjun Appadurai in 1986, and more particularly those on the value of objects and their exchange. By narrowing its focus on the social life of objects and their expressive effects, both in retroactive terms and in their capacity to challenge human activity, the latest issue of MIDAS aims at including transversal views across the several “new materialisms” while at the same time forging critical links with more classic topics and subjects in the history of Museology.
On the other hand, and through the incorporation of the intangible (historical, emotional, spiritual) and relational aspects (ownership, belonging and identity) of objects in museums, new avenues of inquiry are opened up which make it possible to call into question educational approaches that represent the museum as a heritage container. Heritage, therefore, is regarded as the relationship capable of connecting cultural assets with the society they belong to and the time that inherits such assets. Within this logical framework, objects somehow become the carriers of an identity embodied in narratives, biographies or artistic constructions that present themselves manifestations of the bond formed between cultural assets and people. On the other hand, the creation of such bonds does not simply take place inside the museum’s physical space, but additionally — and more and more — in other spaces (including virtual ones). All these relations constitute different manifestations of what is actually the same approach: the generation of identity-based ties between individuals or groups and heritage assets.
Another topic which we would like to include in the forthcoming issue of MIDAS refers to the relationship between objects and learning in museums. It is often stated that objects facilitate learning through the development of observation and questioning skills, which in turn allows for emotional connections and for complex ideas to become comprehensible. In this regard, we encourage discussions on these concepts on the basis of research work inspired, for example, by case studies.
The forthcoming issue of the MIDAS results from the current emphasis on bringing together several perspectives (museological, curatorial, technical) on the place of objects in museums — all with a view to critically mapping this domain. In short, the point is to stimulate reflection and present a number of relevant examples that make it possible to develop a new take on the theory concerning objects in museums as carriers of not just social, but also individual meanings, thus enabling heritagization/identity-construction processes to play an exploratory role from the standpoint of education. The topics and issues proposed partially overlap and should allow for the confrontation of several perspectives, both theoretical and methodological, as well as the production of diversified materials.
Topics
Three major lines of analysis are preferably suggested:
1. Individual stories: narratives, biographies, artistic constructions around musealized objects
Submitted articles may for example provide biographical narratives about particular objects; texts discussing the methodology of object biographies or introducing existing projects in connection with the life of objects; texts exploring the relationships between the curatorial and auto / biography on the basis of objects; the history of the museum (the museum as artefact); and any other aspect of the topic that is duly justified.
2. The Internet and the social networks as spaces where identity-based subject/object ties can be generated and shared
Through the Internet, museums have transformed the way in which they interact with the public. Synergies are thus generated which promote a greater autonomy in the visitors and create new spaces for interaction. What are the new forms of subject-object spaces, virtual museums and social networks that have been brought into play? Does this kind of “relational extension” of museums allow us to reflect on the kinds of bonds that are being nurtured? Which are the new ways of story-telling that have emerged and, along with them, the voices that are being listened to in the new relational settings? Does the intimate, the personal, the micro acquire here a more important dimension by multiplying and building deeper connections with regard to heritage?
3. The privileged object-learning relation in museums
What is the “added value” of object-based learning? What approaches are being currently used in museums and which evidences are being presented? How can education experts help museums engage in a discussion on object-based learning? How can museums use objects in a more creative way? And why is it that such approaches differ from others in terms of knowledge production? What are the impacts, the opportunities and the challenges involved in using digital technology in this context? What could be the impact, for example, of 3D printing of objects aimed at object-based experience? Which technological powers will be available to us in the future? Against this background, further issues may still be explored.
References
Appadurai, Arjun, ed. 1986. The Social Life of Things: Commodities in Cultural Perspective. Cambridge: Cambridge University Press.
Brown, Bill. 2001. “Thing Theory.” Critical Inquiry 28, 1, Things (Autumn, 2001): 1-22.
Connor, Steven. 2012. ‘Parafernalia’: La Curiosa Historia de Nuestros Objetos Cotidianos/Paraphernalia: The Curious Life of Magical Things. Barcelona: Editorial Ariel.
Daston, Lorraine, ed. 2000. Biographies of Scientific Objects. Chicago: University of Chicago Press.
De Waal, Edmund. 2012. A Lebre dos Olhos de Âmbar/The Hare with Amber Eyes. 3.ª ed. Porto: Porto Editora/Sextante.
Gosden, Cris; Frances Larson, e Alison Petch. 2007. Knowing Things: Exploring the Collections at the Pitt Rivers Museum, 1884-1945. Oxford: Oxford University Press.
Kurlansky, Mark. 2000. O Bacalhau - Biografia do Peixe que Mudou o Mundo/Cod – A Biography of the Fish That Changed the World. Lisboa: Terramar.
MacGregor, Neil. 2014. Uma História do Mundo em 100 objetos/A History of the World in 100 Objects. Lisboa: Temas e Debates e Círculo de Leitores.
Turkle, Sherry, ed. 2007. Evocative Objects: Things We Think With. Cambridge: MIT Press.
Submission guidelines
All accepted articles will undergo a double peer-review. Articles should not exceed 6 000 words (without bibliography) or ca. 40 000 characters (with spaces). It must follow the classical structure of an academic paper. Articles should include abstract, keywords and the biography of the author(s). More information at: http://midas.revues.org/390?lang=en
Deadline: March 15th, 2017.
Send your text to: revistamidas@gmail.com
Note: In March de 2017 MIDAS launches a new call for papers for issue 9 (Varia) for publication in 2017 and a call for papers for proposals for thematic issues (for publication 2018).
Brief CVs of guest editors
Assistant professor (Faculty of Letters of the University of Porto). After finishing a first degree in Archaeology at the University of Coimbra (Portugal) I pursued my studies at the University of Leicester, UK (Museum Studies - M.A. 1991; PhD 2003) where I presented a thesis on museum professional discourses (The Professional Museumscape: Portuguese Poetics and Politics), supervised by Susan Pearce. Among other functions, I have acted as director of studies for the MA (2003-2013) and PhD (2013-) in Museology at the Faculty of Letters of the University of Porto (Portugal) where I have been teaching since 1994. Within the MA in Museology I teach different courses that reveal the diversity of my teaching and research interests: museums and museology, the study and management of collections, and finally, policies and practices of communication in museums. I am particularly interested in the use of performative mediation objects in museums. I have participated in different research projects, published and organized conferences on topics relating to my research interests such as museological narratives and discourses, professional museological identity and contemporary missions for museums. I am also currently a researcher at CITCEM and supervise PhD and MA thesis and dissertations within these interests (MA Dissertations concluded: 30; PhD thesis concluded: 5).
Graduate in Fine Arts at the University of the Basque Country, graduate in History Art and PhD in Educational Sciences at University of Oviedo. She is a university professor in Art Education at the University of Valladolid (Spain), author of many books and articles indexed in the theme of heritage education. She currently directs the Spanish Heritage Education Observatory (SHEO), three R & D projects, and she is co-coordinator of the National Heritage Education Plan in Spain.
Degree in Geography and History and PhD in Education Sciences, currently is full professor at the University of the Basque Country. Specialist in Heritage Education, and professor of Research in Heritage Education at the University of Huelva, co-directed four doctoral theses in this area. Since 2006, he has participated uninterruptedly in research teams of R & D & I projects of MINECO. Since 2015, is principal investigator in two projects. He is a member of the Network of Excellence in Social Sciences Research - Red14, and has been the author of the National Heritage Education Plan of Spain.
La revista MIDAS – Museos y Estudios Interdisciplinarios invita a colaborar en el octavo número, a publicar en Junio 2017. Este número está dedicado a “Objetos y Museos: Biografías, Relatos y Vínculos de Identidad”, coordinado por Alice Semedo (Universidade do Porto), Olaia Fontal (Universidad de Valladolid) e Alex Ibanez (Universidad del País Vasco).
Argumentos
Los objetos están volviendo con nueva fuerza a la teoría social contemporánea. Bien sea en forma de bienes de consumo, tecnologías de la comunicación, obras de arte o incluso de espacios urbanos, un nuevo mundo de materialidad y objetividad surge ahora con una urgencia que los transforma en nuevos espacios de cuestionamiento y reflexión. Si las visiones pos-estructuralistas y constructivistas de carácter más radical tendían a licuar todo lo que era sólido, ahora es precisamente la solidez de lo que nos rodea, lo que capta nuestra atención, conduciéndonos, por ejemplo, a prestar atención a la inmediatez sensorial de los objetos con los que vivimos, trabajamos y hablamos; amamos y odiamos. La materialidad vuelve a ocupar un lugar central en el discurso y en la práctica museológica y patrimonial, re-imaginando, a cada paso, cuál es el hecho que constituye esta materialidad.
Diferentes enfoques en el ámbito de la Museología, la antropología, la geografía, la cultura material, los estudios de ciencia y tecnología, diseño, sociología del consumo y la cultura - por nombrar algunos - apuntan a una comprensión de la capacidad performativa e integradora de los objetos para ayudar a construir aquello que llamamos sociedad. Nuevos enfoques en relación con la cultura material y visual, el estudio de los artefactos y colecciones de historias entrelazadas, presentan el museo como un laboratorio y la colección, como una tecnología de investigación. Importantes proyectos interdisciplinares utilizan las colecciones como una forma de aproximación a cuestiones más amplias relacionadas con el arte, la cultura, la historia o incluso el medio ambiente. Métodos que nos llegan desde los estudios literarios, por ejemplo, diseñan enfoques para el análisis de objetos de memoria, hambrientos de nuevas formas de cuestionamiento, problematización y abordaje de estos temas. Este enfoque, de carácter más literario, se hace evidente en muchos trabajos publicados recientemente, incluyendo Uma História do Mundo em 100 objetos (MacGregor 2014), A Lebre dos Olhos de Âmbar (De Waal 2010), Objetos Evocativos: Coisas Com Que Pensamos (Turkle 2007), Parafernália: A Vida Curiosa das Coisas Mágicas (Connor 2011), O Bacalhau - Biografia do Peixe que Mudou o Mundo (Kurlansky 2003) o Biografias de Objetos Científicos (Daston 2000). El enfoque biográfico de objetos, plantea importantes cuestiones metodológicas relacionadas con su narrativa, estructura y cronología, la representación del cambio, la influencia en las vidas humanas, las comunidades e historia material y, sobre todo, con su interpretación y visibilidad en los museos. El estudio biográfico de los objetos, ha proporcionado áreas de investigación académica extremadamente productivas e innovadoras, incluyendo el trabajo de Bill Brown sobre «Thing Theory» (2001), el de Chris Gosden, Frances Larson y Alison Petch (2007) a partir de las colecciones del Museo Pitt Rivers, y por supuesto, los ensayos incluidos en el volumen ya clásico editado por Arjun Appadurai, en 1986, en particular, los dedicados al valor y el intercambio de objetos.
Al centrarse más estrechamente en la vida social de los objetos y en sus efectos expresivos, con carácter retroactivo o interpelantes de la actividad humana, este número de MIDAS pretende incluir visiones transversales entre los diversos "nuevos materialismos", forjando, al mismo tiempo, enlaces críticos con tópicos más clásicos, y temas de historia de la Museología. Por otra parte, mediante la incorporación de los aspectos intangibles (históricos, emocionales, espirituales) y relacionales (propiedad, pertenencia e identidad) de los objetos en los museos, se abren otras oportunidades de exploración que permiten el cuestionamiento de los enfoques educativos que representan al museo como contenedor de patrimonio. Por lo tanto, se considera el patrimonio como la relación que se produce entre bienes y personas, relación capaz de conectar los bienes culturales con la sociedad a la que pertenecen y el tiempo legatario. En esta lógica, los objetos se convierten en una especie de portadores de identidad que toma corporeidad a través de narrativas, biografías o construcciones artísticas que se presentan como una manifestación del vínculo generado entre los bienes culturales y las personas. Por otra parte, la creación de estos vínculos no sólo sucede en el espacio físico del museo, sino, cada vez más en otros espacios (incluidos los virtuales). Todas estas relaciones son diferentes formas de manifestación del mismo enfoque: la relación de identidad entre individuos o grupos y elementos patrimoniales.
Otro enfoque que nos gustaría incluir en este número MIDAS hace referencia a la relación objeto-aprendizaje privilegiado en los museos. Es común afirmar que los objetos facilitan el aprendizaje a través del desarrollo de competencias de observación y cuestionamiento, lo que permite connotaciones emocionales y que las ideas complejas se vuelven comprensibles. En este punto, se privilegia la presentación de discusiones sobre estos conceptos a partir de investigación basada, por ejemplo, en el estudio de casos.
Este número de la revista MIDAS es parte del esfuerzo actual para reunir diferentes perspectivas (museológica, curatorial, teórica) sobre el lugar de los objetos en los museos, con el fin de mapear críticamente este dominio. En definitiva, se trata de reflexionar y presentar ejemplos relevantes que permitan recuperar la teoría sobre los objetos en museos como portadores no solo de significados sociales, sino también individuales, permitiendo que los procesos de patrimonialización e identización sean también exploratorios a partir del punto de vista de la educación. Los temas / cuestiones propuestas se sobreponen parcialmente debiendo permitir la confrontación de varios puntos de vista teóricos y metodológicos, así como la producción de materiales diversificados.
Temáticas
Preferiblemente, se destacan tres líneas de análisis:
1. Relatos individuales: narrativas, biografías, construcciones artísticas en torno al objeto musealizado
Los artículos pueden, por ejemplo, ofrecer relatos biográficos de objetos particulares. Textos que reflexionen sobre la metodología de biografías de objetos o que presenten proyectos existentes relacionados con la vida de los objetos; textos que exploren la relación entre el comisariado y la auto-biografía a partir de objetos; la historia de los museos (el museo como artefacto); y cualquier otra faceta del tema que compete, debidamente justificada.
2. Internet y redes sociales como escenario para generar y compartir los vínculos identitarios sujeto-objeto
A través de Internet, los museos han transformado la forma en que interactúan con el público. Se generan sinergias que promueven una mayor autonomía de público y crean nuevos espacios de interacción. ¿Qué nuevas formas de espacios sujeto-objeto, museos virtuales y las redes sociales, se han generado? ¿Este tipo de "extensión relacional" de los museos nos permite reflexionar sobre el tipo de vínculos que están creando? ¿Qué nuevas formas de contar y narrar han surgido y, por tanto, que voces están siendo escuchadas a través de estos nuevos entornos relacionales? ¿Lo íntimo, lo personal, lo micro adquiere aquí una dimensión más importante, multiplicándose y construyendo conexiones más profundas en relación con el patrimonio?
3. La relación objeto-aprendizaje privilegiada en museos
¿Cuál es el "valor añadido" que el aprendizaje basado en objetos nos aporta? ¿Qué enfoques se utilizan actualmente en los museos y qué pruebas se intentan presentar? ¿Cómo pueden los expertos en educación ayudar a los museos a hablar acerca del aprendizaje basado en los objetos? ¿Cómo pueden los museos utilizar los objetos de forma más creativa? Y ¿cómo es que estos enfoques difieren de otros para la producción de conocimiento? ¿Cuáles son el impacto, las oportunidades y los desafíos del uso de la tecnología digital en este contexto? ¿Qué impacto podrá tener, por ejemplo, la impresión en 3D de objetos digitales para la experiencia basada en objetos? ¿Qué potencias tecnologías podremos utilizar en el futuro? En este contexto, todavía podrían ser exploradas otro tipo de cuestiones.
Referencias
Appadurai, Arjun, ed. 1986. The Social Life of Things: Commodities in Cultural Perspective. Cambridge: Cambridge University Press.
Brown, Bill. 2001. “Thing Theory.” Critical Inquiry 28, 1, Things (Autumn, 2001): 1-22.
Connor, Steven. 2012. ‘Parafernalia’: La Curiosa Historia de Nuestros Objetos Cotidianos/Paraphernalia: The Curious Life of Magical Things. Barcelona: Editorial Ariel.
Daston, Lorraine, ed. 2000. Biographies of Scientific Objects. Chicago: University of Chicago Press.
De Waal, Edmund. 2012. A Lebre dos Olhos de Âmbar/The Hare with Amber Eyes. 3.ª ed. Porto: Porto Editora/Sextante.
Gosden, Cris; Frances Larson, e Alison Petch. 2007. Knowing Things: Exploring the Collections at the Pitt Rivers Museum, 1884-1945. Oxford: Oxford University Press.
Kurlansky, Mark. 2000. O Bacalhau - Biografia do Peixe que Mudou o Mundo/Cod – A Biography of the Fish That Changed the World. Lisboa: Terramar.
MacGregor, Neil. 2014. Uma História do Mundo em 100 objetos/A History of the World in 100 Objects. Lisboa: Temas e Debates e Círculo de Leitores.
Turkle, Sherry, ed. 2007. Evocative Objects: Things We Think With. Cambridge: MIT Press.
Modalidades de sumisión
Los artículos sometidos pasan por un riguroso proceso de selección, basado en la revisión por pares de carácter independiente (blind review). Los artículos no deben exceder las 6000 palabras (sin incluir bibliografía), o aproximadamente 40.000 caracteres (incluyendo espacios). Se debe seguir la estructura clásica de un artículo académico. Los artículos incluyen resumen y abstract, palabras clave y la nota biográfica del autor(s).
El call for papers se encuentra abierto hasta al día 15 de Marzo de 2017.
Para la presentación de propuestas escribir para: revistamidas@gmail.com
Más información: http://midas.revues.org/395
Nota: En Marzo de 2017 la MIDAS abrirá nuevo call for papers para el 9.º número (“Varia”) a publicar en 2017 y un call for papers para propuestas para dossiers temáticos (a publicar en 2018).
Editores invitados
Entre outras funções, tem sido professora de Museologia (desde 1994) e diretora do curso de mestrado em Museologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal) nos últimos anos. Neste curso leciona disciplinas que demonstram bem os seus diferentes interesses de ensino e investigação: museus e Museologia, estudos e gestão de coleções e, finalmente, políticas e práticas de comunicação em museus. Ultimamente tem centrado a sua atenção, essencialmente, nos seguintes temas: discursos e narrativas museológicas. espaços colaborativos de aprendizagem e a utilização de metodologias criativas/líquidas em contextos museológicos, orientando dissertações de mestrado e doutoramento nestas tão diferentes áreas. No âmbito das suas atividades académicas e profissionais tem procurado envolver-se e desenvolver projetos de diferente natureza, promovendo, por exemplo, a organização de conferências ou a organização/edição de livros; destaca-se, ainda, o seu envolvimento com uma outra revista científica, a Journal Museum Worlds. Nesta breve biografia interessa ainda dizer que começou por se licenciar em História, variante de Arqueologia, na Universidade de Coimbra e optou, depois, por desenvolver os seus estudos de pós-graduação e doutoramento na Universidade de Leicester onde fez, primeiro, um master degree com uma dissertação sobre gestão de coleções, apresentando, mais tarde e sob orientação de Susan Pearce, a tese de doutoramento intitulada The Professional Museumscape: Portuguese Poetics and Politics. Atualmente é também investigadora do Instituto de Sociologia da Universidade do Porto.
Licenciada en Bellas Artes por la Universidad del País Vasco/Euskal Herriko Unibertsitatea, licenciada en Historia del Arte y doctora en Ciencias de la Educación por la Universidad de Oviedo. Es profesora titular en la Universidad de Valladolid en Educación Artística, autora de numerosos libros y artículos indexados en la temática de la educación patrimonial. Actualmente dirige el Observatorio de Educación Patrimonial en España (OEPE), una sucesión de tres proyectos de I+D+i y es co-coordinadora del Plan Nacional de Educación Patrimonial en España.
Licenciado en Geografía e Historia, y doctor en Ciencias de la Educación, es profesor titular de Universidad de Didáctica de las Ciencias Sociales en la Universidad del País Vasco. Especialista en Educación Patrimonial, y docente de Investigación en Didáctica del Patrimonio en la Universidad de Huelva, ha codirigido cuatro tesis doctorales en este ámbito. Desde 2006, ha participado de manera ininterrumpida en equipos de investigación de proyectos de I+D+i del MINECO, siendo en la actualidad investigador principal en uno. Es miembro de la red de excelencia en investigación de las Ciencias Sociales, Red14 y ha sido redactor de la Plan Nacional de Educación Patrimonial de España.