Página inicialFronteiras no mundo ibérico e ibero-americano

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Fronteiras no mundo ibérico e ibero-americano

Frontières dans le monde ibérique et ibéro-américain

Fronteras en el mundo ibérico e iberoamericano

Borders in the Iberian and Iberian-American world

XXXIX congrès de la Société des hispanistes français

39th Société des hispanistes français conference

*  *  *

Publicado quinta, 31 de maio de 2018

Resumo

Le XXXIX congrès de la Société des hispanistes français se tiendra à l'université de Pau et des Pays de l’Adour du 6 au 8 juin 2019. Il aura pour thème Frontières dans le monde ibérique et ibéro-américain.  Il s’agira d’observer et d’analyser comment se manifestent les pratiques et les conceptions de la frontière dans les mondes ibériques et ibéro-américains. Quelles en sont les spécificités et les évolutions au cours des siècles et/ou au sein des territoires hispano/lusophones dans leur diversité ? Ces spécificités, si elles existent, conduisent-elles à renouveler les réflexions sur la notion de frontière ?

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XXXIX Congresso da Sociedade Hispanista Francesa

Universidade de Pau e Pays de l'Adour

6 a 7 de junho de 2019

Preâmbulo

Tendo em conta a sua posição geográfica, a cidade de Pau inscreve-se numa dinámica transfronteiriça com a Espanha. Essa dinámica desenvolveu-se e diversificou-se ao longo dos séculos, sendo atualmente a Universidade de Pau et des Pays de l’Adour um dos seus principais agentes. Daí o XXXIX Congrès de la Société des Hispanistes Français, a ter lugar na UPPA, ter por tema a fronteira nos territórios hispanófonos e lusófonos.

Convocatória

Como lembra a sua etimologia militar, a fronteira não é um mero traçado: é uma zona de combate, incerta e movediça que, ao separar o espaço, partilha as terras e os recursos e fixa as dominações. Mesmo quando definida como “natural”, diferencia fundamentalmente, num gesto arbitrário, o aqui e o além, o mesmo e o outro, a interioridade e a exterioridade, etc., instituindo mecanicamente a possibilidade de transgressões, transações e trocas. Situada nem de um lado, nem do outro, a fronteira instaura uma “borda dupla” (M. de Certeau): ao separar e delimitar, ativa a articulação e a passagem[1]. Com efeito, neste início de século XXI marcado pela globalização das economias, pela aceleração das trocas entre países e movimentos populacionais em aumento constante, a noção de fronteira caracteriza-se por uma ambivalência crescente entre as funções de separação e troca. Se a fronteira continua a delimitar o espaço, torna-se também móvel, deslocando-se sob o impulso de fatores económicos, políticos, linguísticos e, de uma maneira geral, culturais. Por vezes, torna-se porosa, facilitando ligações e conexões ou provocando perturbações e confusões.

Entre muitos outros paradoxos, a fronteira é instável e contribui para fixar, separa e convida a passar. Motivo de conflitos e de interesses concretos, é uma linha ideal, conquanto se possa materializar de maneira diversa. Será utópica? Natural ou artificial, materializada ou simbólica, indicada ou resultado de uma prática tácita dos espaços, funciona de maneira “performativa”. Quer desprovida de elementos que a identifiquem claramente (barragens, muros, gradeamentos, despenhadeiros, etc.), quer de elementos mais discretos (termos, marcos, balizas), apresenta-se como um dispositivo eficaz.

Os territórios hispanófonos e lusófonos entram plenamente nestas dinâmicas fronteiriças. Situada na encruzilhada entre a Europa e a África, o Mediterrâneo e o Atlântico, a península ibérica constitui um espaço estratégico: configura-se, de certa maneira, como um espaço-fronteira, um espaço de transição. Nesta medida, condensa um certo número de desafios económicos, políticos e migratórios. Quanto às fronteiras latino-americanas, as suas bases são os limites naturais e/ou fronteiras que seguem modelos europeus e norte-americanos, tendo desenvolvido as suas próprias especificidades e complexidades. A importância e a atividade dos espaços transfronteiriços, a consideração (ou não) da dimensão multicultural dos estados, as políticas de integração económica do continente latino-americano, etc., são fatores determinantes que permitem questionar as fronteiras e as continuidades ou descontinuidades que induzem.

Logo, importa determinar qual a história, quais as alçadas, os desafios e os efeitos dessa elaboração de fronteiras. Questões estas que implicam outras interrogações: quais as marcas fronteiriças nos territórios ibéricos e ibero-americanos? Que paisagens inovam? Que horizontes abrem ou fecham? Que modelos culturais impõem? Que imaginários ativam? Estas questões poderão ter em conta tanto a inscrição territorial da fronteira quanto as suas configurações simbólicas ou sociais, mas também, no que tange ao século XXI, o impacto do desenvolvimento das tecnologias numéricas: essas tecnologias são meras ferramentas (que permitem ver melhor, vigiar, atravessar fronteiras) ou elementos que revolucionam a própria noção de fronteira?

O termo latim “limes”, tão oportunamente proposto por Eugenio Trías[2], convida a considerar outras potencialidades da fronteira. Se a fronteira adapta mundos limítrofes, confins e vizinhanças, instaura-se também como espaço em si, como lugar de permanência. Logo, o “limes” tanto indica “a fronteira defensiva” como o “caminho que conduz aos territórios” (por conquistar). Para além da lógica aparentemente antinómica (separação/ligação) da fronteira, o “limes” pode tornar-se, segundo o filósofo, um “lugar de permanência”. Essa zona protege um território por habitar, o do Império que circunscreve e constitui, num mesmo movimento, uma zona de residência, incerta e precária mas “significativa”, geradora de uma forma de pensamento e de linguagem: “Por conseguinte, o limes é um território habitável a partir do qual se abre a possibilidade do sentido e da significação (logos, pensar, dizer)”[3].

A fronteira/limes designa portanto o território em si, delimita-o e “estabiliza-o”, autorizando a questão do ubi. Todavia, pode também suscitar questões que implicam o movimento: o unde (“de onde?”), o quo (“Para onde?”) e mesmo o qua, (“Por onde?”), que aponta para a travessia: “habitar”, possuir um desses lugar, como sugere E. Trías, supõe rever as nossas maneiras de ser e de pensar, numa verdadeira revolução Copernicana. À partida, a noção de “fronteira” implica um regime de pensamento dual que participa na construção de hierarquias de todo o tipo. Pode ainda suscitar outros regimes de pensamento: convida a repensar os territórios, mas também o que remete para o próprio princípio de categorias, classificações, disciplinas, etc. Nesta perspetiva, as fronteiras podem fazer emergir reflexões, iniciativas, criações que propõem modos inovadores de organização e de partilha dos espaços físicos, estéticos, políticos, socioeconómicos e de género.

O XXXIX° congresso da Société des Hispanistes Français propõe considerar essas perspetivas de um ponto de vista interdisciplinar. Trata-se de observar e analisar como se manifestam essas práticas e essas concepções da fronteira nos mundos ibéricos e ibero-americanos. Quais as suas especificidades e a sua evolução no decorrer dos séculos, em particular na diversidade dos mundos lusófonos e hispanófonos? Caso existam, essas especificidades poderão conduzir a um renovar das reflexões sobre a noção de fronteira?

Algumas perspetivas, não exaustivas:

  • A noção de fronteira — perspetivas geográficas, históricas, jurídicas e filosóficas.
  • Fronteiras e espaços transfronteiriços — Como se configuram esses espaços? Como foram mapeados no decorrer dos séculos? Que migrações vivenciaram ou vivenciam?
  • Os territórios hispanófonos, lusófonos e a França — transferências e transações culturais ao longo dos séculos. Como circulam as línguas, as criações, os conceitos e os textos?
  • A elaboração das fronteiras e os seus desafios — deslocar, (re)desenhar, empurrar as fronteiras: que mecanismos escondem?
  • Os territórios hispano/lusófonos perante a globalização : o fim do “local”?
  • A noção de fronteira em linguística — distinção/demarcação; continuum/contaminação.
  • A “transculturalidade” nas obras — da recomposição dos espaços geográficos à correlação dos imaginários.
  • Serão as artes versadas em cartografia? — Representar e significar as fronteiras: que desafios estéticos?
  • As fronteiras genéricas – intermedialidade, hibridação e contaminação inter-genérica.
  • Novas problemáticas no século XXI — As fronteiras perante as questões de género/gender; as fronteiras face às novas tecnologias.

Submissão de propostas

O congresso terá lugar nos dias 6, 7 e 8 de junho de 2019 na Universidade de Pau et des Pays de l’Adour. As propostas (título da comunicação e resumo de 20 a 30 linhas) deverão ser enviadas

até ao dia 15 de setembro de 2018

para congres_frontieres_uppa_shf@univ-pau.fr. Serão acompanhadas de uma breve nota biobibliográfica de 5 a 6 linhas (nome completo, afiliação académica). É favor indicar o formato da intervenção prevista no âmbito do congresso:

  • Comunicação individual
  • Ateliê coletivo (4 participantes no máximo)

Línguas do congresso: espanhol, francês, português.

Comitê organizador - UPPA (laboratório ALTER) e SHF

  • Direção : Emilie Guyard, Nadia Mékouar-Hertzberg, président.e SHF
  • Membros UPPA : Ana Armenta, Thierry Capmartin, Christelle Colin, Blandine Daguerre, Hélène Finet Finet, Nejma Kermele, Elise Martos, Pascale Peyraga, Sébastien Riguet
  • Membros SHF : Président.e, Frédéric Alchalabi

Comitê científico

Hispanistas e Lusitanistas

  • A. Allaigre (Univ. Paris 8, Vincennes - Saint-Denis),
  • F. Aparicio Université de Lorraine,
  • L. Bénat-Tachot (Sorbonne Université),
  • C. Boix (Univ. de Pau et des Pays de l’Adour),
  • G. Champeau (Univ. Bordeaux Montaigne),
  • F. Curopos (Sorbonne Université),
  • E. Delafosse (Univ. de Lorraine),
  • M. Ezquerro (Sorbonne Université),
  • A. Florenchie (Univ. Bordeaux Montaigne),
  • M. Guicharnaud-Tollis (Univ. de Pau et des Pays de l’Adour),
  • C. Heymann (Univ. Paris-Nanterre),
  • I. Ibañez (Univ. Pau et des Pays de l’Adour),
  • C. Lagarde (Univ.de Perpignan),
  • S. Mégevand (Univ. Toulouse Jean-Jaurès),
  • I. Mendes dos Santos (Univ. Sorbonne Nouvelle),
  • Ph. Meunier (Univ. de Lyon 2),
  • Françoise Moulin Civil (Univ. Cergy-Pontoise),
  • N. Noyaret (Univ. de Caen),
  • Ph. Merlo (Univ. de Lyon 2),
  • ML. Ortega (Univ. Sorbonne Nouvelle),
  • M. Peloille (Univ. d’Angers),
  • M. Ramond (Univ. Paris 8),
  • M. Roche (Université de Savoie Mont-Blanc),
  • M. Soriano (Univ. Toulouse Jean-Jaurès),
  • J. Terrasa (Sorbonne Université)

Outras disciplinas 

  • O.Lecucq (Droit, Univ. de Pau et des Pays de l’Adour),
  • JY. Puyo (Géographie, Univ. de Pau et des Pays de l’Adour),
  • S. Velut (Géographie, Univ. Sorbonne Nouvelle),
  • L. Vidal (Histoire, Univ. La Rochelle)

Internacional 

  • C. Animan Akassi (Univ. d'Howard, USA),
  • JM. Aragues (Univ. de Zaragoza, Esp.),
  • H. Barcenilla García (Univ. del País Vasco),
  • MV. Calvi (Univ. de Milan, Ital.),
  • A. García Varas (Univ. de Zaragoza, Esp.),
  • J. Pérez Serrano (Univ. de Cadiz, Esp.),
  • A. Saldaña (Univ. de Zaragoza, Esp.),
  • A. Sánchez Jiménez (Univ. de Neuchâtel),
  • C. Sinner (Univ. Leipzig),
  • D. Vandebosch (Univ. de Louvain)

[1] A fronteira levanta ainda, segundo M. de Certeau, um “problema teórico e prático” delineado da seguinte maneira: “A quem pertencerá? O rio, o muro ou a árvore faz fronteira […]. Tem um papel de mediador. Daí a narração, o pôr a falar. […] mas esse ator, pelo simples fato de ser a palavra do limite cria a comunicação assim como a separação; e muito mais, só põe uma margem dizendo aquilo que o atravessa, vindo da outra margem. Articula. Ele também é uma passagem. ». In L'invention du quotidien, tome I Arts de faire, Paris, 10/18, 1980, p. 208.

[2] Eugenio Trías, Lógica del límite, Madrid, Destino, 1991.

[3] Ibid., p. 20.

Locais

  • Pau, França (64)

Datas

  • sábado, 15 de setembro de 2018

Palavras-chave

  • frontière, monde ibérique, ibéro-américain

Contactos

  • Emilie Guyard
    courriel : emilie [dot] guyard [at] univ-pau [dot] fr

Fonte da informação

  • Emilie Guyard
    courriel : emilie [dot] guyard [at] univ-pau [dot] fr

Licença

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Para citar este anúncio

« Fronteiras no mundo ibérico e ibero-americano », Chamada de trabalhos, Calenda, Publicado quinta, 31 de maio de 2018, https://doi.org/10.58079/109d

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